Presidenciável tucano se apresentou como herdeiro de FHC, ao citar criadores do Plano Real como seus assessores, e falou que a principal meta do seu governo será a geração de emprego e renda
O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Geraldo Alckmin, tentou aproximar seu discurso das classes trabalhadoras. Ele afirmou ser um “trabalhador” e ter como principal meta de seu governo, caso eleito, a geração de emprego e renda. Alckmin também se colocou como o nome que pode unir o Brasil.
“Precisamos de convencimento numa democracia. Não tem nada de toma lá, da cá. O país está muito dividido, precisamos de mais consenso”, disse o pré-candidato, que participou do programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (23), ao responder sobre o apoio do Centrão a seu nome.
O presidenciável negou que pense em retomar a obrigatoriedade do recolhimento do imposto sindical. Ele afirmou que estuda extinguir o Ministério do Trabalho e também defendeu que a correção dos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FTGS) seja a recomposição da inflação somada à taxa de juros básica, pela Taxa de Longo Prazo (TLP).
“Não há hipótese de voltar o imposto sindical. A reforma trabalhista foi importante. Tínhamos uma legislação dos anos 40, autárquica, de cima para baixo. Minha meta é emprego e renda. Estimular os empreendedores. Vou baixar o imposto do empresário, para trazer mais investimentos e mais empresas. Sindicatos são uma coisa cartorial”, afirmou.
Conversas sobre vice ainda sem rumo
A entrevista ocorreu no mesmo dia em que Alckmin teve o primeiro encontro com o indicado pelos cinco partidos do Centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) para ser vice-presidente da chapa tucana, o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente da gestão Lula, José Alencar.
Alckmin afirmou que ainda não está batido o martelo sobre quem será o vice. O nome será escolhido mais para frente na campanha. “Se ele aceitar, será bom. Mas se não, vamos buscar outro nome. Foi uma primeira conversa, um bate papo, não tem nada ainda definido. Mas é um grande nome.”
Confiança em crescimento com campanhaSegundo reportagem da Folha, a conversa foi uma ducha de água fria para o tucano. Josué disse que preferia deixar Alckmin à vontade para escolher um outro nome para ser vice e, após pelos do tucano e do cacique do PR, Valdemar Costa Neto, afirmou que iria consultar a família e pensar sobre o assunto.
Alckmin afirmou ter confiança de que ganhará as eleições. Ao ser questionado sobre os números de pesquisas que apontam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) com mais intenções de voto do que ele, inclusive em seu estado, respondeu que a campanha e as aparições na TV devem mudar esse quadro.
“Nós vamos ganhar em São Paulo e vamos ganhar muito bem. Pesquisa agora, as pessoas nem sabem ainda quem é candidato”, disse. “A medida que você vai se aproximando das eleições, se tem maior atenção. A eleição começa só depois da parada militar, do sete de setembro”, disse o governador, citando uma expressão creditada por ele ao ex-ministro das Comunicações Hélio Costa.
“Para mim, o novo é defender o interesse público, o bem comum, todo dia. Eu vou ter coragem de enfrentar as corporações. Os partidos políticos estão fragilizados. Inclusive o meu”, afirmou ao ser questionado sobre como vai conquistar os votos dos eleitores indecisos ou incrédulos com a política.
Sobre sua aliança com o Centrão, Alckmin defendeu a importância desses partidos terem o escolhido. Afirmou que todos os pré-candidatos queriam esse apoio e flertaram com o bloco. Sem citar nomes, disse que agora há quem se comporte como um rapaz que tentou paquerar uma moça, levou um fora e agora estaria falando mal da pretendente.
Gazeta do Povo, 25 de julho de 2018.