Entidades vão discutir legado do operário, assassinado em 1979 durante uma greve, para o movimento por direitos sociais e humanos
Placa colocada no local onde líder operário foi morto. Fábrica deu lugar a um condomínio – REPRODUÇÃO
Centrais sindicais e outras entidades farão na segunda-feira (28) um ato em homenagem ao metalúrgico Santo Dias da Silva, cujo assassinato por um policial, durante uma greve, completará 40 anos no dia 30. Várias atividades estão sendo organizadas pela lembrar a data, inclusive com relançamento do livro Santo Dias, quando o passado se transforma em história, de Jô Azevedo, Luciana Dias e Nair Benedicto, pela Fundação Perseu Abramo e pela editora Expressão Popular. A ideia é discutir o legado do operário e os desafios para os movimentos social e de direitos humanos. O evento será a partir das 15h, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na Rua Galvão Bueno, Liberdade, região central.
Na semana passada, o Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista (Cedem-Unesp) organizou um debate com a participação de duas das autoras do livro, lançado originalmente em 2004: a jornalista Jô Azevedo e a professora Luciana Dias, que é filha de Santo. Também estava presente a geógrafa Anaclara Volpi Antonini, autora de dissertação de mestrado, em 2017, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), sobre lugares de memória da ditadura. Ontem (23), o evento foi no Tribunal de Contas do Município (TCM) de São Paulo, com Luciana e Ana Maria do Carmo Silva, a Ana Dias, viúva de Santo.
Tiro pelas costas
Os metalúrgicos da capital paulista estavam em greve em 1979. Santo Dias foi chamado para reforçar um piquete na fábrica Sylvânia, região de Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Recebeu um tiro pelas costas. Estava com 37 anos, era casado e tinha dois filhos, Santo (chamado de Santinho) e Luciana. O corpo foi velado na Igreja da Consolação, e a manifestação de protesto contra seu assassinato parou a cidade. Todos os anos, familiares e amigos vão ao local onde ficava a fábrica – que agora abriga um condomínio – para homenageá-lo.
“O que aconteceu com Santo Dias e com todas as vítimas da ditadura têm de ser lembrado e denunciado incessantemente para que os jovens e todos que nasceram sob a democracia lutem para que esse período sombrio da história do Brasil nunca mais se repita”, afirma o presidente da CUT, Sérgio Nobre, que também é metalúrgico. “Santo Dias foi um trabalhador que morreu lutando pelos direitos de seus companheiros e companheiras de categoria e faz parte da memória da luta da classe trabalhadora.”
Vermelho, 25 de outubro de 2019