Recuperação do setor deve ter reflexos em toda a economia e particularmente no mercado de trabalho
Duramente afetado pela crise econômica desde 2014, o setor de construção civil vislumbra uma retomada em 2019. Prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional possa avançar 2,5% neste ano e respaldado em estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Sindicato da Indústria de Construção do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) estima que o setor poderá crescer 2% em 2019.
Depois de anos seguidos de estagnação, agora “as perspectivas são positivas para o Brasil e o setor de modo geral”, afirma Odair Senra, presidente da entidade. O revigoramento do setor deve ter reflexos em toda a economia e particularmente no mercado de trabalho, pois é conhecido o importante papel da construção civil na geração de empregos.
Segundo análise da economista Ana Maria Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o crescimento das vendas de imóveis ocorrido em 2018 deve se traduzir em mais obras neste ano. A expansão projetada para o segmento de empresas do mercado imobiliário, infraestrutura e serviços especializados é de 1% e para a autoconstrução e pequenos empreiteiros não formalizados, de 3,5%.
A média do avanço é relativamente pequena, mas é animadora, tendo em vista a dimensão da crise por que passou a construção civil nos últimos anos. A revisão dos dados, apresentada na última reunião de conjuntura do Sinduscon-SP, revelou um quadro de impressionante declínio. Em comparações anuais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elevou o porcentual de queda do PIB da Construção em 2016 de -5,6% para -10%. Para 2017, o IBGE subiu a variação negativa de -5% para -7,5%. Com essa revisão, o recuo do PIB da Construção no quadriênio 2014-2017 passou de 20,1% para 25,8%. Para 2018 a projeção é de uma queda de 2,4% do produto do setor.
Este ano deve ser de reversão para o terreno positivo, o que vai depender fundamentalmente do andamento da reforma da Previdência. Paralelamente, o governo, no entender dos empresários, deve encontrar novos meios para enfrentar o déficit habitacional, além do programa Minha Casa, Minha Vida, e dinamizar o uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). São problemas difíceis, mas a esperança é de que a estagnação da construção civil seja afinal superada.
Estadão, 13 de fevereiro de 2019