Construção civil teve piora na atividade e no nível de emprego com greve de maio

29 de junho de 2018

A indústria da construção amargou fortes prejuízos com a greve dos caminhoneiros, nos últimos 11 dias de maio. A interrupção no transporte de insumos causou queda da atividade e aumento da ociosidade, além de ter afetado negativamente a expectativa dos empresários.

Os dados são da Sondagem da Indústria da Construção, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem.

Segundo a Confederação, a atividade recuou 2,5 pontos, de 46,9 em abril para 44,4, em maio, na maior retração registrada desde dezembro de 2014, quando o indicador apresentou queda de 3,6 pontos. O indicador sobre emprego recuou 0,3 ponto, para 44,3 pontos.

Os indicadores da pesquisa variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo dos 50 pontos, mostram queda da atividade e do emprego. A utilização da capacidade de operação ficou em 57%. Isso significa que o setor manteve fora de operação 43% das máquinas, equipamentos e pessoal no mês passado.

“Com a greve dos caminhoneiros, a indústria da construção teve ainda mais dificuldades para se recuperar da crise econômica. O setor foi o primeiro a sentir os efeitos da recessão e tem enfrentado quedas consecutivas na atividade e no emprego”, diz a economista da CNI Isabel Mendes.

De acordo com a pesquisa, os índices de expectativas e de confiança dos empresários mostram que não há perspectivas de reação do setor. Com exceção do índice de expectativa de nível de atividade, que recuou para 50,4 pontos, os demais ficaram abaixo dos 50 pontos, mostrando que os empresários esperam queda de demanda e serviços, de compra de insumos e matérias-primas e do número de empregados nos próximos seis meses.

                

Frete

A crise logística persiste, com a indefinição sobre a tabela de frete. As tradings de grãos, que compram a produção nas fazendas e exportam o produto, não estão dispostas a pagar o que os caminhoneiros pedem e boa parte dos grãos permanece estocada nos silos e centros de armazenamento.

“Esse problema tende a se agravar nos próximos dias, porque começamos a receber a safrinha do milho, que vai ficar sem espaço para estoque”, diz o analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Cristiano Palavro. O impasse já mexeu com os preços. “As empresas que estão comprando hoje querem pagar R$ 27. É uma queda de mais de 20%. Cerca 70% da produção não foi negociada.” /Estadão Conteúdo.

 

DCI, 29 de junho de 2018