Construtechs apontam o caminho da inovação para a construção civil

19 de julho de 2018
 

Ricardo ChicarelliRicardo Chicarelli - Luis Lopes e William Machado, sócios na Inside Place: 'empresa monetiza desde o dia do nascimento'Luis Lopes e William Machado, sócios na Inside Place: “empresa monetiza desde o dia do nascimento”

                        

Não há dúvidas de que vivemos uma revolução tecnológica em todos os aspectos da vida. No mundo das empresas, nada representa melhor essa nova realidade do que as startups, que nascem com um propósito bem claro: resolver um problema relevante de forma eficaz, identificar quem se interessa em pagar por isso, entregar o resultado para o cliente e ainda ter lucro. O uber talvez seja o exemplo mais conhecido desse admirável novo mundo dos negócios.

Outro sinal de que este é o caminho da inovação para as empresas é a adesão de um setor altamente conservador. De acordo com estudo divulgado na Harvard Business Review, a construção civil é o segundo pior segmento em adoção de tecnologias digitais em seus processos de negócio, mas esse cenário começa a mudar. No último ano, mais de US$ 1 bilhão foram investidos em construtechs, as startups do setor, ao redor do mundo. 

No Brasil, cerca de 250 startups buscam desenvolver soluções inovadoras para esse segmento. Os números são da Construtechs Ventures, ligada à Softplan, uma das maiores empresas do Brasil no desenvolvimento de softwares de gestão. A empresa vai investir R$ 30 milhões em startups até 2020. 

Londrina está inserida nesse ecossistema de inovação. O Comitê de Construtech e Proptech da Comunidade Red Foot (espécie de núcleo de jovens empreendedores da inovação) mapeou 20 construtechs da cidade e da região, mas acredita que o número seja maior. Uma delas foi incluída, por especialistas, na lista de 12 startups para ficar de olho em 2018. É a Inside Places, inicialmente criada para solucionar o seguinte problema: como enxergar o móvel planejado dentro do ambiente pronto? 

Trabalhando com e-comerces e sites, William Melo Machado se fez essa pergunta, imaginou a ferramenta, mas só conseguiu avançar quando respondeu outra questão, formulada por um expert em gestão: como monetizar a ideia? Resumo da história: o consultor que fez a pergunta se tornou sócio do negócio, que desde então só cresce. 

Vindo do mercado tradicional, com experiência de 19 anos em gestão de pessoas, Luis Henrique Lopes mergulhou fundo no universo das startups. “Voltei para a sala de aula”, conta ele, que hoje ocupa a posição de CEO da empresa, apontada como referência de negócio bem sucedido em feiras Brasil afora. 

“Ganhamos musculatura para entender esse mercado de startup. Trabalhamos bastante na parte conceitual e, com a experiência que tenho, fizemos isso ganhando dinheiro. É uma empresa que monetiza desde o dia do nascimento. Este ano esperamos faturar um pouco mais do que o dobro do ano passado”, revela Lopes. 

Um dos ramos de atuação da Inside Places é uma solução voltada para a construção civil, arquitetura e imobiliárias: uma ferramenta de autoatendimento, chamada “Meu tour 360”, usada pelo profissional (designer, fotógrafo e/ou arquiteto) – que gera imagens em 360 graus para gestão da informação, gestão de projetos e apresentação para o cliente com solução mobile. Outro serviço é a tomada de imagens e a criação do tour 360 graus personalizado. Em Londrina, é utilizado pela Vectra Construtora no momento da entrega do apartamento. 

Para o coordenador de comunicação da Vectra, Fábio Mansano, “trata-se de mais uma forma de mostrar que temos confiança no produto que entregamos”. Além do registro das condições do imóvel para eventuais problemas jurídicos, acaba sendo um presente para o cliente, já que, muitas vezes, também é o registro de um sonho concretizado. 

A Inside Places tem ainda outras soluções interessantes para o setor. Uma delas está sendo desenvolvida no Mato Grosso do Sul. “Ganhamos uma licitação no Estado e estamos fazendo um sistema para Habite-se e emissão de alvará que vai possibilitar um ganho de tempo em torno de 70% na velocidade de processos”, conta Lopes. 

           

Realidade Virtual em segurança de trabalho

Há quatro anos o empresário Nivaldo Benvenho conheceu a ferramenta de Realidade Aumentada em uma viagem feita à Israel e à Finlândia. Na época, trazer a ideia para Londrina era economicamente inviável. “O polo de TI ainda estava se firmando; ninguém conseguia entender o que eu dizia, mas conseguimos avançar com a ideia do hackathon do agronegócio na Rural”, lembra. 

Tempos depois, a Realidade Aumentada Brasil foi criada em parceria com a LA Digital e a Usina de Ideias e, mais recentemente, evoluiu para Realidade Virtual. Além de conquistar clientes em vários pontos do País, Benvenho descobriu que a ferramenta ajudaria a corrigir uma questão interna de sua empresa. “Tinha um problema sério com segurança de trabalho. As pesquisas pós-treinamentos mostravam que o aproveitamento dos funcionários não chegava a 25%. Dentro do ambiente virtual, a assimilação do conteúdo dos treinamentos chega a 95%, pois a ferramenta coloca a pessoa dentro da situação”, explica. 

A validade do treinamento virtual já foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho e, em breve, tendo o Senai como validador, deve ser implantado no Serviço Social da Indústria da Construção Civil (Seconci Paraná Norte), que realiza os treinamentos em segurança de trabalho do setor, e também pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e Materiais Elétricos do Norte do Paraná (Sindimetal Norte PR). (Reportagem Local)

            

Folha de Londrina, 19 de Julho de 2018