Debatedores sugerem mesmo pedágio para militares, servidores civis e trabalhadores em geral na reforma da Previdência

31 de maio de 2019

Uma audiência pública da comissão especial que analisa a matéria discutiu o pedágio – tempo a mais de trabalho como regra de transição para o novo sistema

 

 

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência Pública e Reunião Ordinária sobre Audiência pública da comissão para debater regras de transição e desconstitucionalização da reforma da Previdência

 

Em audiência pública na comissão especial que analisa a reforma da Previdência (PEC 6/19), debatedores sugeriram a aplicação do mesmo pedágio para militares, servidores civis e trabalhadores em geral: 17% do tempo que falta para aposentadoria. O pedágio é o tempo a mais de trabalho como regra de transição para o novo sistema. 

Para os militares, foi proposto 17% sobre o tempo que faltar para a passagem para a reserva, no momento da promulgação da emenda. Para os trabalhadores em geral, seria de 50%, mas só para quem estiver a dois anos de se aposentar. Já para os servidores civis, não há a possibilidade do pedágio. Para eles, só existe a transição por meio do cálculo de pontos, somando idade e tempo de contribuição.

Representante do Ministério da Economia, Felipe Portela disse que o governo procurou fazer regras de transição que abrangessem todas as categorias, mas admitiu que, em alguns casos, elas podem não oferecer vantagens. Alguns deputados citaram, por exemplo, que as professoras do setor público serão bastante prejudicadas.

Felipe Portela explicou que as regras de transição não podem ser suaves sob risco de não equilibrar as contas da Previdência. “Não adianta prometer regras de transição que vão se alongar muito no tempo se a gente não conseguir suportar fiscalmente essas regras e daqui dois, três, quatro, cinco anos, tivermos que novamente voltar com uma outra proposta porque as contas não estão fechando”, justificou.

 

Desconstitucionalização

Sobre a retirada de regras previdenciárias da Constituição Federal, o outro tema da audiência; Bruno Bianco, também do Ministério da Economia, disse que 99% das regras do INSS já estão em leis ordinárias. Ele afirmou que tirar regras da Constituição facilita a adequação do sistema às mudanças demográficas.

Mas o deputado Jorge Solla (PT-BA) ponderou que o governo apoia o teto de gastos, por exemplo, que limita despesas por meio da Constituição, sendo que o orçamento é uma lei, discutida a cada ano.

Já o relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), avalia que pontos como idade mínima e cálculo do benefício poderiam ficar de fora da Constituição, mas ressalta que a questão central da reforma não é essa. “O principal é equilibrarmos as contas da Previdência para garantir o pagamento das aposentadorias”, afirmou.

 

    ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

     

    Agência Câmara, 31 de maio de 2019