Mesmo com a crise econômica que atingiu o mundo nos últimos dois anos, o setor da construção civil continua gerando emprego. O número de trabalhadores na construção cresceu 23% desde 2002, conforme dados da pesquisa mensal de emprego, do IBGE, que monitora o mercado de trabalho formal e informal no Brasil. Somente nos últimos 12 meses o avanço foi de 8,1%, contra um avanço de 3,4% do mercado de trabalho brasileiro em geral. E a demanda por novos trabalhadores continua crescendo. Além do aumento das oportunidades de trabalho geradas no setor formal, é crescente a melhoria das condições de trabalho. Uma prova é o aumento da escolaridade dos funcionários do setor, que estão sendo incentivados pelos próprios empregadores a investir nos estudos. Em diversas cidades brasileiras foram criadas bibliotecas e salas de aula dentro dos espaços das construções para elevar a escolaridade dos colaboradores do segmento. Em Cascavel o setor da construção civil segue a mesma tendência.
Atualmente duas construtoras proporcionam estudos aos trabalhadores. Os interessados ficam na obra depois do fim do expediente, para estudar. Banheiros adequados para que tomem banho são ofertados, além de lanche. Um espaço foi preparado com carteiras e toda estrutura necessária para uma sala de aula. Os professores também são contratados pela empresa e quem faz a coordenação pedagógica é o SESI – Serviço Social da Indústria.
“Dentro do Serviço Social da Indústria, tem o colégio SESI que oferta cursos na modalidade EJA – Educação de Jovens e Adultos. Nós fazemos uma parceria com a empresa, oferecemos uma proposta pedagógica, um curriculum escolar de acordo com a legislação do MEC e com isso, implantamos nossa metodologia dentro da empresa. A empresa solicita nosso serviço e nós prestamos esse serviço. A diferença do Estado e do Município que também ofertam o EJA, é que nós implantamos um modo que facilita a vida do trabalhador, pois após encerrar o expediente, ele não precisa se deslocar até a escola, mas a escola já está dentro da empresa.”, explica a pedagoga do SESI, Marli de Lima Chini. Para quem ministra as aulas, o trabalho tem sido gratificante. A professora Ana Cristina de Castro é pedagoga e conta que “É de extrema importância que os trabalhadores voltem a ser alunos, porque quando começamos a ter conhecimento, é como se fossemos uma pessoa com deficiência visual, que no momento em que começa a enxergar, começa a ver a claridade e abrir os horizontes. Estudando, essas pessoas podem ser críticas, tem justificativa para aquilo que acham que não está correto, sabendo que aqui, alguns trabalhadores começaram a ser alfabetizados, não sabiam ler ou escrever nem mesmo seu próprio nome.”O trabalhador Jânio José de Souza está há 30 anos na construção civil. De volta à sala de aula ele está cursando o primeiro grau, “Muito boa essa experiência, porque eu não sabia escrever direito e agora estou aprendendo. Na minha vida muita coisa vai mudar. Algumas coisas já mudaram, até mesmo para negociar, eu não sabia fazer orçamentos, por exemplo, agora sei”.
Haroldo Correia Soares, encarregado de obra, afirma que “Depois de 33 anos, voltar a estudar é muito bom, principalmente por ver o incentivo da empresa em que eu trabalho, pois já estou na obra, não preciso ir para casa e depois sair, ainda ganhamos lanche antes da aula começar” ele conta ainda que se não fosse assim, dificilmente ele voltaria a estudar.“Nós acreditamos que com o EJA, nossos funcionários trabalham de forma mais motivada. É bacana você conseguir perceber que eles não apenas vão trabalhar mais contentes, mas perceber o crescimento pessoal de cada um. Saber que um funcionário quando chega em casa, pode ajudar um filho a fazer uma tarefa, é muito bom. É um benefício que tem um custo alto para a empresa, mas ver o retorno disso, compensa!”, declara a gerente da construtora Saraiva de Rezende que oferta o EJA, Jaqueline Lazarini.
Um levantamento feito pelo IBGE mostra que em 2002, quase dois terços dos ocupados no setor, não havia concluído sequer o ensino fundamental (tinham menos de oito anos de estudo). Apenas 36,1% tinham chegado ao ensino médio (mais de oito anos de estudo). Em 2010, o número de pessoas que estudou mais de oito anos chegou a quase metade dos trabalhadores (47,8%). Atualmente, um quarto dos trabalhadores do setor tem 11 anos ou mais de estudo (26,6%). Ou seja, 442,8 mil profissionais passaram esse período nos bancos da escola. Outra boa notícia é a redução progressiva do analfabetismo. Entre 2002 e 2010, data da pesquisa mais recente sobre o analfabetismo entre os trabalhadores, a quantidade de analfabetos caiu de 8,0% para 5,0% do total. “Com maior escolaridade, os salários na construção civil tendem a ser cada vez maiores. O trabalhador instruído não se deixa explorar.” finaliza Adão Ribeiro dos Santos presidente em exercício do Sintrivel – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Cascavel e Região.
Assessoria de Imprensa Sintrivel / Izata Comunicação
25.06.2012