Emprego com carteira cresce em junho, novamente com salários menores

26 de julho de 2019

Saldo de 48 mil vagas em junho é o melhor desde 2014, mas fica abaixo de todo o período 2002-2013. Rendimento de quem entra no mercado é inferior ao daquele que sai

 

Serviços, agropecuária e construção civil foram os principais setores em contratações regulares. Por outro lado, indústria e comércio fecharam postos de trabalho com carteira assinada – ARQUIVO EBC

 O mercado formal de trabalho teve saldo de 48.436 vagas em junho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quinta-feira (25) pelo Ministério da Economia. Houve crescimento de 0,13% no estoque de empregos com carteira, agora de 38,819 milhões. Melhor resultado para o mês desde 2014, o saldo deste ano fica abaixo de todo o período 2002-2013.

O rendimento de quem entra no mercado continua inferior ao daqueles que saem. E as modalidades surgidas com a Lei 13.467, de “reforma” trabalhista, fecham mais vagas do que abrem.

No primeiro semestre, o Caged registrou abertura de 408.500 vagas, melhor saldo para o período desde 2015. Com exceção de 2009, é inferior ao período 2002-2014. Durante oito anos, o saldo da primeira metade do ano ficou acima de 1 milhão. Em 2010, por exemplo, superou 1,6 milhão de empregos com carteira.

Em 12 meses, são 524.931 novas vagas com carteira, resultado da diferença entre contratações e demissões.

O resultado de junho foi determinado, principalmente, pelos setores de serviços (23.020 vagas), agropecuária (22.702, com destaque para o cultivo de laranja e de soja) e construção civil (13.136). A indústria de transformação eliminou 10.988 vagas e o comércio, 3.007.

De janeiro a junho, a maior parte dos empregos também é do setor de serviços, com saldo de 272.784 vagas (1,58% de crescimento). Proporcionalmente, a maior alta é da agropecuária (4,84%), que abriu 75.380 postos de trabalho no semestre. A construção criou 57.644 (2,92%) e a indústria, 69.286 (0,97%). Houve ainda saldo de 15.567 vagas na administração pública (1,84%) e fechamento de 88.772 (-0,98%) no comércio. O setor extrativo abriu 3.181 (1,63%).

 

Efeito “reforma”

Nas modalidades de trabalho criadas pela “reforma” trabalhista, mais precárias e de menor proteção social, o intermitente teve saldo de 10.177 em junho e o parcial, de 1.427. Já os “desligamentos por acordo” somaram 17.951. Assim, a nova lei fecha mais empregos do que cria.

Com 15.520 admissões e 5.343 desligamentos, o trabalho intermitente atingiu 2.691 estabelecimentos e 1.999 empresas. E 417 trabalhadores fecharam mais de um contrato nesse período.

O salário médio de quem entrou no mercado formal em junho foi de R$ 1.606,62. Quem saiu ganhava, em média, R$ 1.766,67. Diferença de 9%, para menos.

 

RBA, 26 de julho de 2019