Fim de parceria com Cuba irrita prefeitos, que cobram Bolsonaro e ampliam ala de desconfiados

19 de novembro de 2018
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O presidente eleito, Jair Bolsonaro. (Foto: Sergio Lima/AFP)

Painel

Na prática a teoria é outra A ordem de Cuba para que seus médicos deixem de atuar no Brasil ampliou o número de arestas a serem aparadas pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) –já sob profunda desconfiança do Congresso. A crise com os cubanos tem potencial para afetar a relação do presidente eleito com os municípios. Jonas Donizette (PSB-SP), presidente da Frente Nacional de Prefeitos, dá o tom: diz que o Mais Médicos nasceu de demanda da entidade e que “questão ideológica não pode contaminar o serviço público”.

Dois voando “Foi uma luta nossa, da Frente. O programa pode não ser perfeito, mas ajudou. O presidente eleito, o próximo ministro da Saúde, eles têm que ter uma solução. Não dá para acabar sem ter algo que dê suporte”, diz Donizette, prefeito de Campinas (SP).

Agora Algumas prefeituras receberam a informação de que Cuba orientou seus profissionais a suspenderem os atendimentos já nesta quarta (14).

Venha de onde vier Prefeitos pretendem sugerir ao presidente eleito que, se for impossível reaver o pacto com Cuba, o governo faça um chamado a brasileiros formados no exterior para atuar no país sem revalidar o diploma.

Meio a meio A indicação de Ernesto Araújo para o Ministério das Relações Exteriores dividiu o Itamaraty. Para fazer a mudança radical na política externa que Bolsonaro tem pregado, dizem diplomatas, ele era a opção lógica. Há temor, porém, pelo fato de o escolhido ter sido promovido há pouco tempo e nunca ter chefiado embaixada no exterior.

Dia de banquete No universo político, a decisão de Bolsonaro para a pasta causou preocupação. Quem lida com o cotidiano do governo diz que o blog de Araújo, prato feito para polêmicas, será esquadrinhado com lupa pela imprensa estrangeira, que já torce o nariz para o presidente eleito.

Recado Michel Temer recebeu o embaixador de um país do Oriente Médio em seu gabinete há alguns dias. Na despedida, o emissário elogiou avanços da gestão emedebista, disse ter ficado feliz em ampliar parcerias e arrematou: “Lamento que todo o trabalho do sr. agora esteja ameaçado”.

Recado 2 Houve constrangimento no Planalto. Foi após o aceno de Bolsonaro a Israel.

Passo apertado A atuação da juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, no depoimento de Lula à Justiça Federal do Paraná, nesta quarta (14), deixou aliados do petista com a impressão de que ela está em “marcha acelerada” para concluir o caso do sítio de Atibaia (SP). A expectativa é de um desfecho –a condenação– ainda este ano.

Em papel de presente Se seguir rigorosamente os prazos processuais e rejeitar eventuais pedidos da acusação e da defesa de apresentação de novas provas, Hardt pode condenar Lula às vésperas das festas de fim de ano.

Então tá A assessoria de Fernando Haddad diz que ele “não recebeu nenhuma sugestão de criar um instituto com perfil interpartidário para liderar a oposição”. “Não recebeu e não tem nenhuma intenção de trilhar este caminho”, diz o texto. A informação, publicada pelo Painel nesta quarta (14), foi confirmada por três aliados do petista.

A casa é sua Em campanha para se reeleger presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) vai receber deputados recém-eleitos para um jantar, na terça (20), em sua residência oficial. A expectativa é a de que ao menos 50 dos 243 novatos compareçam ao encontro.

RSVP Gustinho Ribeiro (SE), do Solidariedade, está ajudando na organização do jantar. Além de convocação geral no grupo de WhatsApp chamado “Bancada da renovação”, ele tem disparado convites individuais para os estreantes.

Anote Dois nomes entraram na bolsa de apostas para a Advocacia-Geral da União no governo Bolsonaro: Marcelo Siqueira e José Levy Mello do Amaral. Siqueira é ex-procurador-geral federal e diretor de compliance do BNDES. Levy é ex-consultor-geral da União.


 

Folha de S.Paulo, 19 de novembro de 2018