Grandes empresas de materiais de construção se unem para desenvolver o setor

30 de novembro de 2018

Objetivo da Juntos Somos + é desenvolver o varejo setorial e capacitar mão de obra para a construção, atingindo 100 mil lojas  e 2 milhões de profissionais em quatro anos

 

Antonio Serrano CEO Juntos Somos Mais foto1 20181129152059 RS9bJSVW05OVAenaToN8lPP 1200x800GP WebAntônio Serrano, CEO da Juntos Somos + Divulgação/Juntos Somos +

A indústria de material de construção quer aprofundar a relação com o varejo e para isso está criando, a partir de um programa de fidelização da Votorantim Cimentos, a Juntos Somos +, que tem como acionistas a própria Votorantim (45%), a gaúcha Gerdau (27,5%) e a catarinense Tigre (27,5%). 

“A nova empresa vai gerir o maior programa nacional de fidelidade do varejo de material de construção, que atualmente tem 40 mil lojas envolvidas e 60 mil profissionais cadastrados. Ele funciona como um plano de benefícios para lojas, vendedores e profissionais ligados às obras. “A intenção é a de modernizar o setor a partir desse programa”, diz Antônio Serrano, CEO da Juntos Somos +. 

No Brasil, a construção civil movimenta aproximadamente R$ 300 bilhões ao ano, o que equivale a 4,5% do PIB. É também um dos maiores empregadores no País, com mais de 100 mil lojas de materiais de construção e 6 milhões de profissionais da obra. A expectativa do Bradesco é que a indústria da construção cresça 4% no próximo ano e 5% em 2020. 

Segundo Serrano, metade das lojas tem mais de 20 anos de atividade, 70% das pessoas que atuam nelas tem entre 35 e 55 anos e 80% dos profissionais da construção não tiveram oportunidade de fazer um curso de especialização na área em que atua. 

A iniciativa pretende desenvolver um ecossistema que integre empresas, lojistas e profissionais da construção. Além das três acionistas, outras 11 empresas do segmento e de serviços se associaram ao programa de fidelização. A intenção é levar esse número para 20 em um horizonte de seis meses. 

 Walter Dissinger, CEO da Votorantim Cimentos, acredita que o novo empreendimento contribuirá para gerar mais lealdade e fidelidade dos clientes e vendas mais estáveis. “Há uma necessidade constante de se reinventar”, diz Otto von Sothen, presidente da Tigre, outra das acionistas da nova empresa. 

A Juntos Somos + quer atingir 100 mil lojas e 2 milhões de profissionais em quatro anos. Para isso, inicialmente vão ser aplicados R$ 50 milhões em marketing e desenvolvimento de novas tecnologias para capacitar e desenvolver lojistas e profissionais. 

O CEO da Juntos Somos + afirma que a ideia também é modificar a experiência que os consumidores têm, por meio de acesso a marcas qualificadas, a financiamento e a atendimento personalizado na área de sistemas de gestão. 

 

Transformação do varejo

A parceria que resultou na criação da empresa quer aproveitar experiências já existentes para fidelizar clientes e consumidores. Uma delas é da própria Votorantim Cimentos que, há quatro anos, implantou um programa de fidelidade com o nome da nova empresa. A Tigre, fabricante catarinense de soluções para condução e conservação de água, tem uma iniciativa parecida. Desde 2001, a empresa investe na profissionalização e capacitação, tendo 150 mil profissionais cadastrados. 

 O momento é de transformação no varejo, diz Simone Terra, CEO da Terra Soluções Estratégicas. “O consumidor está mudando e o mercado precisa conversar com esse consumidor. É necessário interagir desde o processo da compra e oferecer uma multiplicidade de experiências.” 

 E isso é extremamente relevante para o varejo do material de construção, no qual 70% dos empreendedores são de pequeno e médio porte. “A realidade hoje é que o consumidor tem um sonho e está distanciado desse universo. Ele muitas vezes desconhece profissionais qualificados, o processo de execução e o tipo de soluções oferecidas.” 

 Paralelamente, uma iniciativa que envolve 20 entidades ligadas ao setor da construção civil apresentou propostas para reativar a indústria da construção civil ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. “A intenção é a de reforçar o papel que o setor pode ter com a retomada da economia”, destaca Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.”

 

Gazeta do Povo, 30 de novemrbo de 2018