Em seis anos, a participação de mulheres no mercado de trabalho cresceu 6,13% no Paraná – ante 1,66% dos homens. Desde 2012, 136 mil mulheres começaram a trabalhar no Estado. No Brasil, foram quase dois milhões. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As mulheres eram 42,4% do total de pessoas ocupadas no primeiro trimestre de 2012 no Paraná. Na pesquisa mais recente – feita no segundo trimestre de 2018 -, a participação cresceu para 43,4%.
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, de 2012 a 2018, as horas semanais trabalhadas subiram de 35,6 para 36 horas, no caso das mulheres. Já os homens, tiveram uma redução: de 42,4 para 40,8 horas semanais, no mesmo período.
De acordo com George Coelho, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH PR Noroeste), as mulheres estão se capacitando cada vez mais. “Diante das demandas e do cenário atual, as mulheres estão se preparando para assumir as cadeiras que estão surgindo. Elas estão se capacitando e se posicionando frente aquilo que o mercado de trabalho tem exigido. Inclusive, temos mulheres atuando em profissões que eram considerados apenas trabalhos de homens, como construção civil, por exemplo. Essa diversidade tem muitos benefícios. As empresas estão praticando essa ideia para que os resultados sejam melhores”, explica.
“Temos ainda as mulheres empresárias, que tendem a contratar outras mulheres de sua confiança para trabalhar em suas organizações, dependendo do ramo de negócio”, enfatiza Coelho.
A recessão é, também, um dos motivos desse aumento da participação feminina no mercado de trabalho. Diante da crise nacional, houve um processo de busca por trabalho alternativo.
É o caso da designer de interiores, Camila J. Santos, de 27 anos. Ela se formou em 2014 e saiu entregando cartões e folders em marcenarias para oferecer seus serviços. Deu certo. Hoje, ela presta serviço para dez marcenarias e também realiza diversos projetos de reformas. Sua empresa é a CJ Design de Interiores. “O cliente me contrata, eu faço o projeto, e contrato outros profissionais para executar o serviço – pedreiros, eletricistas, encanadores e outros”, conta.
“Ainda não alcancei todos os meus objetivos, mas vou chegar lá. Comecei do zero, não era conhecida, não tinha patrocínio de ninguém. Mas eu precisava e lutei por isso. Foi um desafio, e reconheço meu crescimento. Fico feliz porque meus clientes gostam do meu trabalho e me indicam para outras pessoas”, acrescenta Santos.
Por causa de sua experiência, neste ano Camila J. Santos foi escolhida para ser diretora de eventos da Associação dos Designers de Interiores do Paraná (Adinpr), em Maringá.
Em quatro anos, Santos conta que já passou por duas situações desconfortáveis no trabalho por ser mulher. “Uma situação foi de um rapaz de uma marcenaria que me chamou para ser amante dele. E a outra foi de um fornecedor de vidros e espelhos, que passou a me mandar mensagens impróprias. Mas, na maioria das vezes, sou tratada com respeito”, ressalta.
Renda
Elas ainda ganham menos, mas aos poucos, esse cenário está mudando. No primeiro trimestre de 2012, as mulheres ganhavam o equivalente a 67,9% do rendimento dos homens. Já no segundo trimestre de 2018, este percentual passou para 75,2%.