Segundo o diálogo, o desembargador João Pedro Gebran Neto teve encontros com o procurador para discutir provas
O integrante, no caso, é o desembargador João Pedro Gebran Neto, que atua como relator dos casos da operação dentro do TRF4. Deltan cita em um grupo com outros procuradores do Ministério Público que Gebran estava fazendo o seu voto, no caso de Adir Assad, e que achava as provas da acusação fracas.
“O Gebran tá fazendo o voto e acha provas de autoria fracas em relação ao Assad”
Adir Assad é um dos operadores de propinas da Petrobras, preso pela primeira vez em março de 2015. Em setembro, ele acabou condenado pelo então juiz Sérgio Moro a nove anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Esse diálogo aconteceu cinco meses antes do julgamento do caso de Assad em segunda instância. Se as conversas forem comprovadas, Gebran cometeu um ato ilegal ao pedir, fora dos autos do processo, que a acusação refaça as provas do caso para conseguir condenar o réu.
‘Encontro Fortuito’
Já na véspera do julgamento de Assad, Dallagnol mostra-se novamente preocupado com a possibilidade de Gebran absolver o condenado.
O coordenador da operação entra em contato com o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto ao TRF4, em Porto Alegre. “Cazarré, tem como sondar se absolverão Assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dallagnol.
“Olha Quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fisse (sic) absolver… Acho difícil adiar”, responde Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar Gebran: “Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”. Dallagnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio do encontro fortuito “para evitar ruído”.
Carta Capital, 16 de julho de 2019