Decreto do governo Bolsonaro, que retira Caixa do conselho do fundo criado para proteger os trabalhadores, pode indicar passo para a privatização do FGTS, segundo especialistas e sindicalistas.
A reestruturação do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), decretada pelo governo de Jair Bolsonaro, coloca em risco a finalidade do fundo criado para proteger o trabalhador e pode esconder os interesses dos bancos privados, como avaliam representantes sindicais em reportagem do Seu Jornal, da TVT.
Publicada no final de março, a medida pela reestruturação prevê a retirada da Caixa Econômica Federal (CEF) do Conselho Curador e reduz pela metade o número de representantes de entidades sindicais dos trabalhadores e empregados, ao passo que amplia a participação de membros do governo.
“Para nós é um retrocesso muito grande se de fato ocorrer isso de a Caixa ser retirada como gestora financeira exclusiva dos recursos do fundo”, destaca o presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias de Construção e da Madeira (Conticom-CUT), Cláudio da Silva Gomes. Um dos principais responsáveis pelo investimento público no Brasil, especialistas ressaltam ainda a preocupação sobre a medida como um passo para que o governo Bolsonaro retire da CEF a gestão exclusiva do FGTS, privatizando-o.
“(A medida) indica, obviamente, a intenção do governo de, no futuro próximo, tirar da Caixa a gestão do FGTS, partilhando com os bancos privados que só querem esses recursos, que nós estamos falando em torno de R$ 540 bilhões, para atuar na especulação financeira e ganhar mais dinheiro”, avalia a coordenadora do Comitê Nacional de Defesa das Empresas Públicas, Rita Serrrano.