País cria vagas em serviços, paga menos e aumenta demissões por ‘acordo’

26 de março de 2019

Dados indicam contratações que podem ser temporárias, como as de trabalho intermitente e parcial, além da continuação da tendência de pagar menos para quem entra no mercado.

O mercado formal de trabalho abriu 173.139 vagas em fevereiro, um crescimento de 0,45% no estoque, resultado de contratações e demissões registradas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), agora sob controle do Ministério da Economia. Quase dois terços desse saldo veio do setor de serviços: 112.412 (0,65%), especialmente em áreas como ensino, alimentação e hospedagem. Os dados divulgados hoje (25) indicam contratações que podem ser temporárias, como as de trabalho intermitente e parcial, além da continuação da tendência de pagar menos para quem entra no mercado em relação aos que são dispensados.

Entre os setores, a indústria de transformação criou 33.472 postos de trabalho (0,46%), principalmente nos setores calçadista e têxtil. A maior alta percentual (1,34%) foi na administração pública, que abriu 11.395 vagas. A construção civil teve saldo de 11.097 (0,56%), enquanto a agropecuária fechou 3.077 (-0,20%).

O salário médio de admissão, em fevereiro, foi de R$ 1.559,08, de acordo com o Caged. E quem saiu recebia R$ 1.718,79. Diferença, para menos de 9,3%. 

O mês passado registrou ainda 19.030 desligamento por “acordo” entre empregado e empregador. Por essa modalidade, criada na “reforma” trabalhista, o funcionário abre mão de parte de seus direitos. Foi o maior número de acordos dessa natureza desde a entrada em vigor da Lei 13.467. Isso aconteceu em 12.801 empresas. E atingiu, basicamente, funções de menor remuneração, como vendedores de comércio varejista (977), faxineiros (822) e auxiliares de escritório (681).

O chamado trabalho intermitente teve saldo de 4.346 vagas em 2.124 estabelecimentos, com 1.690 empresas contratantes. O número cresceu 107,8% em relação a fevereiro do ano passado. A função com maior número de vagas foi a de repositor de mercadorias (586). No regime de tempo parcial, foram 3.404 empregos, com destaque para professores no ensino fundamental (280).

No acumulado do ano, o Caged registra saldo de 211.474, crescimento de 0,55% no estoque. Em 12 meses, são 575.226 (1,51%), a maior parte no setor de serviços (427.281). Em fevereiro, o país estava com 38,622 milhões de empregos formais, praticamente no mesmo nível de 2016 (39,028 milhões), um período de crise econômica aguda. O recorde para o mês é de 2014: 40,696 milhões.

 

RBA, 26 de março de 2019