PIB afasta recessão, mas fica ainda mais perto de indicar uma economia estagnada

2 de setembro de 2019

Diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, diz que crescimento do PIB de 0,4% confirma uma lenta retomada econômica que demanda uma estratégia diferente da adotada pelo governo Bolsonaro

 

ARQUIVO EBC
Dieese destaca que dinâmica econômica de crescimento muito próxima ao crescimento da população,significa falta de capacidade e de força produtiva e demanda
 

São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2019 avançou 0,4% em relação aos três meses anteriores, conforme divulgado nesta quinta-feira (29) pelo IBGE , o que só confirma a mais lenta retomada do crescimento da história do Brasil e um país que caminha à beira da estagnação. A análise é do diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em comentário na Rádio Brasil Atual. “A economia tem uma dinâmica de crescimento muito próxima ao da população. Isso significa que não temos capacidade, força produtiva, portanto demanda”, afirma.

Com uma economia que gira, mas sem capacidade de acelerar ou aumentar a velocidade, o país fica perto da estagnação, segundo Clemente, que aponta para a incapacidade do Brasil em fazer com que o aumento da riqueza resulte numa melhora da qualidade de vida e bem estar da população. “É necessário que o país tenha outra estratégia de crescimento econômico, que não é o que a gente vem verificando na estratégia da política econômica do governo, e o resultados aparecem nessa dinâmica muito fraca que os dados do IBGE revelaram”, afirma o diretor-técnico do Dieese com relação às medidas da equipe do presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo o aumento registrado se deve a uma pequena recuperação da indústria, que tem investido na aquisição de máquinas e equipamentos, passando ainda por um pequeno aumento na renda dos trabalhadores que conseguiram sair do desemprego, em sua maioria para ocupação de postos de trabalho informais. Mas, o crescimento foi principalmente puxado pela capacidade de uma produção maior da construção civil, especialmente voltada para as altas rendas, uma vez que setor foi gravemente afetado pela recessão e por dificuldades no investimento em infraestrutura e habitação.

Reportagem da RBA lembra, no entanto, que sem sinais de retomada da demanda, a criação de empregos ainda fica comprometida. “O que chama atenção olhando para esse dado é que o consumo das famílias basicamente não cresce”, destacou o economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Guilherme Mello.

O que só confirma, de acordo com Clemente que o Brasil está “muito aquém daquilo que a economia já andou em termos de velocidade, em período que ela também saiu de crises econômicas e teve uma saída de crise bem maior do que se observa nesse momento”.

 

RBA, 02 de setembro de 2019