Recém-formados agravam o desemprego que Bolsonaro está longe de reverter

12 de setembro de 2019

Análise de economista leva em conta pesquisa do Dieese que mostra aumento na desocupação entre essa parcela da população que vem, cada vez menos, conseguindo atuar na área de formação.

 

Levantamento indica que apenas 35% dos jovens formados, entre 25 a 29 anos, trabalham em postos que exigem formação superior – ARQUIVO EBC

 

 A taxa de desocupação brasileira – que aumentou de 6,9%, em 2014, para 12%, em 2018 –, tem prejudicado inclusive novos profissionais com ensino superior completo, como aponta pesquisa do Dieese. Com dificuldades para conseguir inserção no mercado de trabalho, os recém-formados são uma das parcelas da população que engrossam as taxas de desemprego, que ao todo afeta 12,6 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE. De acordo com a entidade, apenas 35% dos jovens formados, entre 25 a 29 anos, trabalham em postos que exigem formação superior. Quando considerada a classe social, 45% deles, com renda de até um salário mínimo por pessoa, estão fora da sua área de estudo.

“Basicamente o que está acontecendo é que o desemprego está muito alto, então está difícil para todo mundo conseguir entrar no mercado de trabalho”, destaca o economista do Dieese Gustavo Monteiro em entrevista ao repórter Caio Castor do Seu Jornal, da TVT. “No caso de quem acabou de se formar é mais difícil ainda porque eles não têm experiência e enfrentam a concorrência de quem está no mercado de trabalho faz tempo”.

A estudante Andréa Souza conhece na prática os resultados da pesquisa da entidade sobre desemprego, uma realidade entre os seus familiares e amigos. Ainda assim, aluna do cursinho popular da Associação Cultural de Educadores e Pesquisadores da Universidade de São Paulo (Acepusp), Andréa, que não desistiu de cursar o ensino superio e pretende se formar em pedagogia, acredita que conseguirá um trabalho. “Na minha família ninguém concluiu a graduação, poucos têm o ensino médio, a maioria parou no fundamental. Eu acredito que estar na graduação hoje é uma forma de sair um pouco dessa regra que está sendo pré-definida, que é a de pessoas que terminam a graduação e não vão atuar na área que escolheram. Eu realmente quero dar aula e é para isso que estou estudando”, afirma.

Ainda assim, o economista do Dieese alerta que o cenário é menos favorável e demanda ações do governo de Jair Bolsonaro que, em sua análise, ainda está longe de reverter esse quadro do desemprego. “A economia tem que voltar a crescer. Seria essencial que o governo fizesse um empenho para que isso acontecesse, aumentasse o investimento público para isso ter impacto no desemprego. Com o desemprego caindo, seria mais fácil para que essas pessoas conseguissem trabalhos em suas áreas”, explica Monteiro.

 

RBA, 12 de setembro de 2019