Sindicatos buscam novas formas de organizar trabalhadores contra decisões que retiram direitos

30 de outubro de 2019

Clemente Ganz Lúcio comenta ‘Em Guerra’, filme que mostra como empresas podem ignorar impactos sociais da busca em nome do lucro de acionistas.

 

No filme, acionistas decidiram fechar uma unidade francesa da fábrica alemã Perrin Industrie, dois anos depois de firmar acordo entre a empresa e os sindicatos dos trabalhadores – REPRODUÇÃO/EM GUERRA (2018)

São Paulo – Em sua participação no Jornal Brasil Atual na manhã desta terça-feira (30), o diretor do técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio baseia-se no filme Em Guerra (2018), dirigido por Stéphane Brizé, para ilustrar a necessidade, na sua avaliação, de as representações sindicais buscarem novas formas de organização dos trabalhadores, a fim de resistir  e garantir direitos ante a velocidade das mudanças sociais e econômicas. A disputa entre poder do dinheiro e a luta por condições de trabalho dignas não mudou, mas o cenário em que ela está presente é diferente, explica Clemente.

“Dentro dessa nova situação econômica, trabalhadores e sindicatos precisam se reorganizar e repensar a forma de atuação. O filme traz o debate que fazemos com as organizações mostrando as mudanças da sociedade e a importância que os sindicatos vejam como isso altera suas ações”, disse à jornalista Marilu Cabañas.

No filme, acionistas decidem fechar uma fábrica de uma empresa alemã instalada na França, dois anos depois desta ter firmado um acordo com os sindicatos dos trabalhadores. Pela negociação, foi estabelecido aumento da jornada de trabalho sem aumento dos salários, mas com o compromisso de preservar os empregos. Os trabalhadores cumprem o acordo, mas os acionistas – em busca de aumentar seus lucros – e decidem que ganhariam muito mais se a fábrica for fechada.

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“O sindicato (no filme) procura atuar frente à nova condição da empresa, que busca só privilegiar os acionistas. Com isso, mostram-se os desafios dos sindicatos, tanto na organização dos trabalhadores, quanto na relação com o governo. Também aborda como a negociação coletiva, que tem o valor de uma lei, pode ser quebrada pela empresa”, explicou Clemente.

Para Clemente, o atual cenário econômico e político mundial faz com que as empresas busquem se afastem ainda mais dos sindicatos. “A estrutura sindical trabalha na negociação coletiva e é provável que haverá mais ações para prejudicar a atuação, através de novas reformas. Com essa redução de capacidade de resistir, é necessário ter uma iniciativa para valorizar e fortalecer os sindicatos”, acrescentou.

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RBA, 30 de outubro de 2019