Construindo um novo país: é preciso estar cada vez mais atento

2 de agosto de 2018

O setor da construção civil foi um dos mais afetados nos últimos anos com a crise econômica. Dados de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, apontam o fechamento de 4 mil empresas no ramo e mais de 429 mil empregos perdidos durante a ressaca. O cenário é preocupante, mas também serve para refletirmos sobre a eleição dos nossos representantes.

Com um país que vem tentando se reerguer de uma crise política e econômica, é preciso estar cada vez mais atento para a próxima eleição.  Mais que ganhar uma votação, os postulantes precisam reconquistar a esperança e a confiança dos eleitores no próximo pleito eleitoral.

Nesse final de semana, encerram-se as convenções partidárias que decidem sobre os candidatos que irão concorrer às eleições. Esperamos que essas escolhas sejam feitas baseadas nas necessidades de todos os brasileiros, focando – principalmente – na geração de empregos e na movimentação da economia. Assumir a cadeira presidencial no próximo ano é também assumir o compromisso de reerguer o nosso país. Em recente material divulgado por um grande portal de notícias, especialistas do setor alertam sobre a necessidade do incentivo às obras no Brasil. Na Bahia, não é diferente.

Somente o investimento em infraestrutura, como construção de ferrovias, habitação, obras viárias e saneamento básico,  permite a mobilidade, qualidade de vida e qualificação de toda a população. Voltar a ter vários canteiros de obras é, além de um sinal de progresso, crescimento e geração de empregos de forma imediata.

É apenas através da construção civil que se permite a contratação de uma enorme quantidade de pessoas de forma rápida e eficiente. Só a venda dos materiais de construção de uma obra de grande porte chega a movimentar mais de R$ 43 bilhões de reais. O que faz com que as lojas aumentem seus pedidos aos fornecedores, que compram mais do fabricante, que precisam aumentar o número de operários para atender a demanda.

A construção civil é uma das poucas áreas em que é possível um aprimoramento da mão de obra durante a realização do serviço.  Dessa forma, a economia gira em diversos aspectos. Primeiro, há a contratação da empresa responsável pela obra. Esta, contrata a equipe que estará diretamente ligada às atividades, como pedreiros, eletricistas, mestre de obras. Essas contratações dão estabilidade aos profissionais para investir na educação dos filhos, o que movimenta escolas e cursinhos, além de possibilitar o crescimento profissional desses jovens, gerando mais renda para o estado.

Envolvidos na cadeia produtiva estão os estabelecimentos que oferecem o suporte indireto para o setor, como supermercados e restaurantes que abastecem os trabalhadores da obra, aumentando o consumo e o fluxo de trabalho, exigindo a contratação de novos funcionários. E, por último, mesmo quando as obras são concluídas, há os corretores responsáveis pela venda das casas e apartamentos, além dos funcionários de suporte, como porteiros e zeladores, culminando em uma grande roda econômica, que em tese não pode parar de girar.

Os desafios serão grandes para os representantes eleitos em outubro. Mas, adianto, que mesmo em um cenário hostil, a junção de forças entre o poder público e a iniciativa privada pode contribuir para fechar os gargalos do país. Acreditando nessa sinergia e nos números que mostram um faturamento anual do mercado de construção superior a R$ 1 trilhão de reais (mais de 6% do PIB brasileiro) e na informação que, a cada R$ 100 investidos, um quarto do valor volta para os cofres públicos no formato de impostos pagos é que nós deixamos a reflexão e estamos trabalhando por melhorias no setor.
 

*Claúdio Cunha é presidente da Ademi-Ba

 

Correio24horas, 02 de agosto de 2018