O trabalho do Senai destaca que o potencial transformador é maior em alguns setores, entre eles o automotivo. A explicação está no desenvolvimento de tecnologias como a dos carros híbridos e a evolução de ferramentas veiculares como os computadores de bordo, cada vez mais utilizados pelos fabricantes como um atrativo de vendas e comodismo para o motorista.
A expectativa é que tecnologias como robótica colaborativa e comunicação entre máquinas por meio da internet das coisas impactem tanto as etapas de concepção quanto as de produção da área automotiva. O Senai projetou que, nos próximos dez anos, de 31% a 50% das empresas do segmento demandem de mão de obra que saiba lidar com os computadores de bordo.
CONSTRUÇÃO CIVIL
As ocupações da construção civil também precisarão se reinventar com o crescente uso da domótica (automação predial) e da IoT (internet das coisas) para reunir informações detalhadas do que ocorre no canteiro de obras em tempo real e automatizar processos – como pedidos de novos materiais e ferramentas e dos materiais inteligentes. Uso de novos materiais como concretos translúcidos e que se auto reparam, além de novas tecnologias para conforto térmico e acústico.
O estudo mostra que, em cinco anos, cerca de 30% das empresas vão demandar de gestor de logística de canteiro de obras. O encarregado de logística do Grupo Plaenge, Jean Carlos de Almeida, 35, procura estar sempre um passo a frente, participando de cursos de aperfeiçoamento. Formado em técnico em edificação, está no oitavo semestre do curso de engenharia civil.
Almeida gerencia o fluxo de materiais utilizados no canteiro de obras. Ele é encarregado de validar as quantidades de insumos previstas no projeto do empreendimento e ajustar conforme o desenvolvimento da obra, organizando os prazos de entrega e estoque dos insumos. “Os conhecimentos do curso de edificação me ajudam na parte técnica para a validação”, disse.
Segundo ele, a empresa vem investindo em novas tecnologias na área de logística, visando otimizar o uso dos materiais. “Hoje, trabalhamos com o sistema Toyota de produção enxuta”, afirmou. Almeida considera importante estar sempre buscando qualificação e aperfeiçoamento para se manter no mercado.
UNIVERSO TIC
Outro segmento avaliado que está entre os mais otimistas com a inserção do Brasil na quarta revolução industrial é o de TIC (tecnologias da informação e comunicação). A segurança das informações – especialmente diante do armazenamento de informações estratégicas em nuvem – é uma das maiores preocupações dos empresários. Por isso, devem nascer também profissões como a de engenheiro de cibersegurança e analista de segurança e defesa digital.
O estudo embasa a definição dos cursos oferecidos pela entidade nas oito tecnologias habilitadoras da indústria 4.0. O objetivo dos cursos é despertar o interesse dos trabalhadores e das empresas para que se modernizem e incorporem os processos da indústria 4.0. Felipe Morgado, gerente-executivo de educação profissional do Senai, comentou ainda que a instituição tem cursos voltados aos executivos das empresas e diretores de produção para auxiliá-los na implantação de novas tecnologias. (A.M.P)
Folha de Londrina, 18 de julho de 2018