Com Baixos Salários: Escassez de trabalhadores atrasa obras e aumenta os custos na construção civil

14 de maio de 2025

Escassez de trabalhadores atrasa obras e aumenta os custos na construção civil.
 
Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas aponta que 82% das empresas da construção estão com dificuldade de contratar novos trabalhadores. “É muito normal faltar entre 20 e 30% de mão de obra em cada canteiro que a gente administra. Mão de obra é hoje o nosso grande gargalo”, afirma Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções.
Profissional com experiência então? Está mais difícil ainda de encontrar; 70% dos empresários dizem que não conseguem mão de obra qualificada.
 
O cenário atual da construção civil é, na verdade, o resultado de anos de negligência com relação à valorização do trabalhador. A crise de mão de obra que enfrentamos hoje não surgiu do nada — ela é fruto de um modelo que, historicamente, tratou o trabalhador da construção como descartável.
 
A indústria, de modo geral, não oferece plano de carreira, capacitação contínua nem perspectiva de crescimento. Para muitos jovens, o canteiro de obras é apenas um lugar de passagem: um trabalho temporário enquanto não aparece algo “melhor”. E é fácil entender por quê:
 
Salários baixos e desvalorizados, alta rotatividade, condições físicas de trabalho extremamente desgastantes, falta de reconhecimento profissional e ausência de benefícios e estímulos à permanência. Essa combinação cria um ambiente onde poucos querem ficar. E o resultado está aí: falta de mão de obra, obras paradas, custos estourando e um setor que começa a colher o que plantou.
 
Mais do que uma crise pontual, esse momento escancara a necessidade urgente de uma mudança estrutural no modo como o setor trata seus profissionais. Valorizar o trabalhador da construção não é só justo, é estratégico. Isso significa: Criar planos de carreira reais e acessíveis, investir em qualificação com continuidade, melhorar salários e condições de trabalho e estimular o orgulho da profissão. Sem isso, a construção civil vai continuar perdendo força, jovens e produtividade. E o desenvolvimento do país, que depende diretamente desse setor, também pagará essa conta.
 
Por: Victor Pieniak