Um grupo de mais de 20 pessoas foi ontem à sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com o intuito de buscar esclarecimentos sobre negociações feitas com a construtora Iguaçu do Brasil, de Maringá, que estaria vendendo imóveis em condomínios horizontais em Londrina, os quais seriam construídos em um terreno que ainda não pertence à empresa. Entre os denunciantes estão donos das propriedades onde estão sendo construídos os condomínios, como as irmãs Cássia Evelize Zancopé e Kátia Zancopé Homem de Mello, que teriam vendido, por procuração, a propriedade do pai delas, onde deve ser construído o condomínio Imperial Bourbon.
Segundo elas, a venda do terreno de 102 mil metros quadrados para a Iguaçu do Brasil se deu em dezembro do ano passado e a primeira parcela deveria ter sido paga em janeiro. O pagamento não ocorreu e a venda dos imóveis na planta já está sendo realizada pela construtora. As irmãs já pleiteiam na Justiça a rescisão do contrato de compra e venda e devolução do terreno, já que inúmeras tentativas feitas diretamente com a construtora não surtiram efeito.
A dona de casa Janaína Aparecida de Paula cedeu carro, moto e o imóvel onde reside como parte do pagamento por um lote no condomínio. Para vender os bens, Janaína fez uma procuração em nome de Carlos Alberto Campos de Oliveira, dono da construtora. O carro e a moto, segundo ela, já foram vendidos. “Tem corretor me procurando para levar pessoas para vender o imóvel onde resido. É a única coisa que possuo no momento.” No total, Janaína pagaria R$ 230 mil pelo imóvel no condomínio fechado. Quando ouviu que o terreno onde o condomínio está sendo construído não está no nome da construtora, a dona de casa tentou revogar a procuração em nome de Oliveira, mas encontrou dificuldades.
O comerciante João Carlos Barroso alega ter vendido para a construtora o terreno onde está sendo construído o condomínio Imperial da Hípica II, de 4 mil metros quadrados. Negociou 50% do pagamento em permuta com seis imóveis. Entretanto, a construtora teria feito o pagamento em cheques e parte deles estaria sem fundo. De acordo com Barroso, os imóveis da permuta deveriam ser entregues em maio deste ano, mas até agora, apenas um muro foi construído. “Não construiu nada e já vendeu os outros imóveis.”
O comerciante Eduardo Tomasetti também se mostrou preocupado, já que comprou um imóvel de 230 metros quadrados para a filha, pelo qual pagou antecipado. “Ele (Carlos Oliveira) até falou que o imóvel estava no nome da construtora, que estava tudo legalizado, que era dono da construtora. Mas na verdade descobrimos que ele não é.” Nem Tomasetti nem Janaína estão em posse da escritura do imóvel. Conforme os denunciantes, a construtora está no nome de outras duas pessoas.
Segundo o promotor do Gaeco, Cláudio Esteves, a apuração da denúncia deve começar hoje, quando ele ouvirá os depoimentos dos compradores para avaliar a necessidade de abertura de um inquérito ou se o caso será encaminhado para a Promotoria de Defesa do Consumidor.
A reportagem da FOLHA tentou contato com a construtora e com o proprietário Carlos Alberto Campos de Oliveira, mas não obtive retorno até o fechamento desta edição.
Fonte: fetraconspar.org.br