Crise de emprego levará ao agravamento da instabilidade social

8 de junho de 2020

Paulo Nogueira Batista Jr. diz que país não se preparou para gravidade da crise de emprego. “Por trás de cada estatística há uma família que perdeu renda”

 Para o economista Paulo Nogueira Batista Jr., a taxa de desemprego medida pelo IBGE, que ficou em 12,6% no trimestre encerrado em abril, mostra um cenário degradante, mas a realidade pode ser ainda pior. Ele lembra que o índice oficial esconde o chamado desalento, quando as pessoas desistem de procurar uma nova vaga de trabalho em função da dificuldade.

Computada a queda na população economicamente ativa (PEA) por conta do desalento, a taxa de desemprego chega a cerca de 16%, segundo o economista. Mais importante, a chamada taxa de subutilização, que inclui pessoas que gostariam de trabalhar mais, chegou a 25,6%.

Outra informação que compõe o cenário alarmante foi o fechamento de 860 mil vagas, registrado pelo novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado no final do mês pelo Ministério da Economia. Como resultado, foi o pior índice da série histórica, iniciada em 1992.

No entanto, esse dado também não dá conta da realidade, pois considera apenas os trabalhadores formais. Segundo o IBGE, dos 5 milhões de postos de trabalho perdidos entre fevereiro e abril, 3,7 milhões são informais.

 

Consequências

“Resumindo, estamos diante de um quadro extremamente grave. Já se pode dizer que nós temos uma destruição sem precedentes em termos de emprego e de renda neste país. O que vai gerar um grave aumento da instabilidade econômica, social e até a política. É importante lembrar sempre que por trás de cada estatística existe uma pessoa. Existe uma família que perdeu a sua renda”, afirmou Nogueira Batista, em comentário para oSeu Jornal, da TVT, nesta segunda-feira (1º).

RBA, 08 de junho de 2020