Centrais alertam para ‘maldades’ do governo e preparam plano para a economia

14 de novembro de 2019

“Não podemos ir apenas aos locais de trabalho, temos de ir aos bairros, conversar com o povo”, diz o presidente da CUT.

 

Para Sérgio Nobre, da CUT, é preciso conversar com a população e unir o campo progressista – ROBERTO PARIZOTTI/CUT

 

Representantes de centrais sindicais estiveram na manhã de hoje (13) na Praça Ramos de Azevedo, região central de São Paulo, para chamar a atenção da população para as “maldades” contidas nos planos do governo, como o Brasil Mais e o Verde Amarelo, lançados nos últimos dias. “Nós do movimento sindical não podemos nos limitar a debater em porta de fábrica, em local de trabalho. Temos de ir aos bairros falar com o povo. Esse ato é o primeiro de muitos que virão”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre. “Hoje, foi no centro, mas iremos à periferia mostrar à população que o caminho para enfrentar os ataques de Bolsonaro e Guedes é a luta da classe trabalhadora, a união de todo o campo progressista”, acrescentou.

Partidos de oposição, movimentos sociais e centrais participam da elaboração de um plano emergencial para reativar a economia, em contraponto às políticas recessivas e de retirada de direitos do atual governo. Os detalhes desse plano serão divulgados no início da semana que vem, em ato na sede do Sindicato dos Químicos de São Paulo. A reativação da política de valorização do salário mínimo, interrompida agora, e o fortalecimento do programa Bolsa Família estão entre os itens do projeto alternativo.

Para a técnica da subseção do Dieese na CUT, Adriana Marcolino, a Medida Provisória (MP) 905 não é um programa para criar empregos, mas outra “reforma” trabalhista que vai tirar ainda mais empregos que a implementada em 2017 pelo governo Temer. “A medida segue a inspiração ultraliberal e de desmonte de direitos da dupla Bolsonaro/Paulo Guedes  de fortalecimento da iniciativa  privada em detrimento da pública, de reforçar a ação do indivíduo e não a ação coletiva”, afirmou. Além disso, a MP “enfatiza a redução do papel do Estado, a validade dos contratos livremente elaborados entre os indivíduos sem interferência do Estado e a desregulamentação dos direitos”.

O programa lançado ontem pelo governo é voltado para jovens de 18 a 29 anos, em seu primeiro emprego, e válido para contratações com remuneração de até 1,5 salário mínimo (R$ 1.497). Não há contribuição patronal para o INSS, e a contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) cai de 8% para 2%, enquanto a multa em caso de demissão sem justa causa se reduz pela metade (de 40% para 20%). Para compensar, os desempregados arcarão com custos: quem recebe seguro-desemprego passará a contribuir para a Previdência.

 

RBA, 14 de novembro de 2019