Sindicato lembra da Chacina de Unaí, ocorrida em 2004: “Os mandantes foram empregadores que se sentiram incomodados pela fiscalização”
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) divulgou nota em que protesta contra postagem no Facebook atribuída a Jair Bolsonaro com críticas à fiscalização. Para a entidade, a publicação incita a violência. Na nota, assinada pelo presidente do sindicato, Carlos Silva, é citada a chamada Chacina de Unaí, ocorrida em 28 de janeiro de 2004, quando três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, agora extinto, foram assassinados a tiros na zona rural da cidade mineira. “Os mandantes foram empregadores que se sentiram incomodados pela fiscalização.”
“Comentários no perfil do Facebook atacam a fiscalização e os Auditores-Fiscais do Trabalho. Alguns sugerem que os Auditores-Fiscais são suscetíveis à corrupção, outros incentivam a violência – metralhar e enterrar fiscais, outros são caluniosos quanto à conduta dos agentes públicos”, diz o Sinait. A entidade informa que acionou a assessoria jurídica “para que as medidas cabíveis e necessárias, em todas as instâncias, sejam tomadas”
A postagem é de sábado (10), às 21h30, e refere-se a fiscalizações na atividade de extração da palha da carnaúba, no interior do Ceará, uma ação de novembro de 2017, com uma força-tarefa que incluiu, além dos auditores, agentes do Ministério Público do Trabalho e Federal, da Defensoria Pública Federal e da Polícia Federal, entre outros. “Ação que constatou a exploração de trabalhadores e várias irregularidades trabalhistas. Os Relatórios de Inspeção foram analisados e estão em conformidade com a lei e com a situação encontrada in loco”, afirma o sindicato. Na postagem, Bolsonaro critica a ação e diz que encaminhará o vídeo ao secretário do Trabalho, em provável referência a Rogério Marinho, secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
“Não é admissível que atitudes de incentivo ao desacato, perseguição, ameaças e violências sejam incentivadas por autoridades que, ao contrário, deveriam agir em defesa da Auditoria-Fiscal do Trabalho e dos Auditores-Fiscais do Trabalho e outras autoridades. Afinal, é uma carreira de Estado, cujo dever de executar, manter e organizar a fiscalização está inscrito na Constituição Federal. É inacreditável que o próprio governo haja para desautorizar e incitar ânimos contra seus agentes de fiscalização”, critica o Sinait, acrescentando que o ambiente “é de absoluta tensão e indignação” na categoria. ”
“A impunidade e o clima de animosidade gerado por atitudes como a reprodução do vídeo em questão são como um incentivo para que novas tragédias ocorram”, acrescenta a entidade dos auditores-fiscais.