Organizadores orientam população a apoiar greve geral ficando em casa

14 de junho de 2019

Para Frente Brasil Popular, mesmo o cidadão que não conta com um sindicato forte tem muitas formas de participar da paralisação contra a reforma da previdência.

 

PAULO IANNONE/FRAMEPHOTO/FOLHAPRESS
População que não está organizada nas mobilizações pode contribuir emperrando o consumo de bens e serviços nesta sexta

 

São Paulo – Além das paralisações de setores organizados de trabalhadores, como motoristas, condutores de trens, metalúrgicos, professores e bancários, os movimentos sociais também preparam manifestações e fechamento de vias para esta sexta-feira de greve geral contra a reforma da previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Mas mesmo quem não está integrado às mobilizações sindicais ou em movimentos sociais pode contribuir com a greve geral. “As pessoas pode parar o comércio e os serviços de seu bairro, simplesmente não saindo de casa. Não marcando nenhum compromisso, não fazendo compras. Parece algo banal, mas a paralisação é fortalecida pelo ‘fique em casa’”, explicou o coordenador da Frente Brasil Popular (FBP) e de Central de Movimentos Populares (CMP) Raimundo Bonfim.

Circula nas redes sociais uma lista recomendando que, durante a greve geral, as pessoa não deve simplesmente ficar em casa. Elaborada pelos movimentos populares que organizam a greve, a lista inclui evitar a ida a supermercados, shoppings – nem que seja só na praça de alimentação –, restaurantes, padarias, lojas de departamentos, de móveis ou de roupas. E também a lotéricas ou Bancos – que também estarão fechados. Assim como escolas, cursos, unidades de saúde e todo o transporte coletivo.

Seria uma versão dos trabalhadores da canção de Raul Seixas, em O Dia em Que a Terra Parou: “Foi assim/ No dia em que todas as pessoas/ Do planeta inteiro/ Resolveram que ninguém ia sair de casa/ Como que se fosse combinado/ em todo o planeta/ Naquele dia/ Ninguém saiu de casa/ Ninguém”. Para a Central de Movimentos Populares, não se trata apenas de fortalecer a greve, mas de uma atitude que simboliza o que pode acontecer com o país e a economia se não forem respeitados direitos e criadas condições de crescimento que proporcionem a retomada dos empregos

Na capital paulista, os movimentos vão realizar manifestações e panfletagens em estações de trem e Metrô e terminais de ônibus para dialogar sobre a reforma da previdência com a população em geral. E, a partir das 16h, vão participar das manifestações no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, como ato de encerramento da greve geral. Em todo o país haverá ações do tipo.

“Os movimentos populares são formados, em sua maioria, por trabalhadores precarizados, informais, que vão ser ainda mais prejudicados pela reforma, ficando totalmente excluídos da possibilidade de se aposentar um dia. Para eles, a reforma é uma tragédia”, explicou Bonfim. A CMP reúne movimentos de moradia, de mulheres, de cultura, de bairros, da saúde, entre outros.

“Os trabalhadores já foram penalizados com a reforma trabalhista. Que foi feita com uma justificativa mentirosa de que ia criar empregos. Só abriu alguns empregos precários, sem direitos e com baixa remuneração. Agora dizem que a reforma da previdência vai acabar com privilégios, mas isso é outra mentira, querem é liquidar a aposentadoria do povo pra aumentar lucro de banco. Por isso devemos todos fortalecer a greve geral”, afirmou Bonfim.

 

RBA, 14 de junho de 2019