De 2016 para 2017, rendimento do trabalho caiu no agregado do país. Brasil tem 25% da população vulnerável à pobreza, segundo o Ipea.
Por Taís Laporta, G1
A desigualdade de renda entre brancos e negros cresceu em cinco anos, segundo um estudo divulgado esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – que também indicou uma redução geral dos rendimentos do trabalho no Brasil entre 2016 e 2017.
Segundo o Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), os brancos recebiam por seu trabalho uma renda R$ 726,93 maior que a população negra em 2012. Já em 2017, essa diferença aumentou para R$ 767,84.
O indicador detalha os indicadores de desenvolvimento humano no Brasil, levando em conta três pilares: renda, educação e longevidade. No Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil é possível consultar os dados do IDH-M por cidade, estado e região metropolitana.
Apesar do aumento em cinco anos, a desigualdade entre os dois grupos caiu ligeiramente entre 2016 e 2017, impulsionada por uma leve redução da renda dos brancos (de R$ 1.837,30 para R$ 1.780,60) e pelo aumento para a população negra neste mesmo período, de R$ 996,13 para R$ 1.012,76.
Ainda assim, os brancos possuíam renda de quase duas vezes a da população negra em 2017 (veja o gráfico), de acordo com o estudo.
No todo, renda caiu
Segundo o estudo, a renda do trabalho para o agregado de todos os grupos (sexo e cor) ficou levemente menor em 2017, puxada pela redução de R$ 842,04 para R$ 834,31 na renda per capita – um recuo de 0,9% em relação a 2016.
Esta queda veio acompanhada da manutenção da desigualdade de renda pelo índice de Gini, implicando o aumento da pobreza. “A proporção de pessoas vulneráveis à pobreza cresceu 0,5 ponto percentual em 2017, atingindo 25% da população brasileira”, aponta o Ipea.
Mulheres receberam R$ 377,62 menos que homens
Já entre homens e mulheres, a diferença de renda diminuiu em cinco anos. Em 2012, eles possuíam uma renda R$ 423,80 maior que a das mulheres. Em 2017, essa diferença caiu para R$ 377,62, segundo o Ipea.
Essa redução na diferença entre os sexos ajudou a igualar a condição de homens e mulheres na medição geral do Índice de Desenvolvimento Humano que, além da renda do trabalho, também inclui longevidade e educação. Nestes dois últimos quesitos, as mulheres ficam à frente dos homens.
Segundo o Ipea, o IDHM-Ajustado dos homens subiu ligeiramente, de 0,772 para 0,773, enquanto o das mulheres passou de 0,769 para 0,772, praticamente alcançando o dos homens.
Índice geral ficou estável
Entre 2016 e 2017, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal brasileiro ficou praticamente estável, passando de 0,776 para 0,778. Esta faixa é considerada de alto desenvolvimento humano pelos padrões internacionais.
De acordo com o estudo, a melhora do índice aconteceu apesar da leve queda da renda, compensada pela evolução nos níveis de longevidade e educação, de 0,6% e 1,6%, respectivamente.
O crescimento da esperança de vida, de 75,72 anos para 75,99 anos, foi o principal indicador que elevou o nível de longevidade de 0,845 para 0,850. Já a dimensão Educação, que avançou de 0,739 para 0,742, contribuiu para o subíndice de frequência escolar, passando de 0,792 para 0,797.
Resultado por regiões
Entre os 27 estados mais Distrito Federal, seis deles tiveram redução no IDHM. Acre (-0,010) e Roraima (-0,006), ambos na região Norte, tiveram as maiores quedas, seguidos por Rio Grande do Norte (-0,005), São Paulo (-0,005), Distrito Federal (-0,004) e Pernambuco (-0,003).
As maiores altas no índice foram observadas no Amazonas (0,017) e na Paraíba (0,013) – que cresceram 2,4% e 1,8%, respectivamente.
Segundo o estudo, as disparidades interestaduais e regionais ainda são grandes no Brasil. Em 2017, o IDHM atingia 0,850 no Distrito Federal e 0,837 em São Paulo, enquanto ficava em somente 0,687 no Maranhão e 0,683 em Alagoas.
Apenas no Distrito Federal e nos estados das regiões Sul e Sudeste, os valores do IDHM foram superiores ao da média do país, de acordo com o levantamento.