Proposta que prevê benefício integral após 40 anos de contribuição, desconsidera a desigualdade que obriga jovens a trabalharem informalmente antes da idade permitida.
As dificuldades de ingressar no mercado de trabalho formal adicionadas à pouca idade e ao grau de rotatividade no emprego fazem da “reforma” da Previdência, apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), uma penalidade também para os mais jovens, como avalia o economista e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Marcos Henrique do Espírito Santo.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o economista explica que essa parcela da população será afastada do sistema previdenciários devido a fatores como a perspectiva de concessão do benefício integral somente depois de 40 anos de contribuição, desconsiderando que os jovens trabalham de forma informal desde cedo e não têm como comprovar esse vínculo.
“Quando a gente fala ‘jovem’, pensamos em alguém com 18 anos trabalhando, mas o Brasil é um país desigual e perverso, as pessoas entram no mercado de trabalho com 11, 12, 13 anos”, adverte Marcos Henrique à repórter Beatriz Drague Ramos.
Outros pontos da “reforma” da Previdência também são vistos com desconfiança por quem acaba de ingressar no mercado de trabalho, como o cabeleireiro Matheus Flausino da Silva que, aos 24 anos, é um trabalhador autônomo e teme que a combinação da proposta com a “reforma” trabalhista aprovada no governo Michel Temer aprofunde as desigualdades sociais. “Infelizmente o povo vai pagar por tudo isso (…) acho que esse é um impacto, não vamos poder nos assegurar de alguns direitos”, afirma.