A pobreza extrema na América Latina aumentou e é a maior desde 2008. O dado é do relatório Panorama Social 2018, divulgado nesta quarta-feira (16/01) pela Comissão Econômica da América Latina e do Caribe (Cepal).
O levantamento aponta que o número de pessoas vivendo na pobreza em 2017 chegou a 184 milhões, o que representa 30,2% da população da região. Destas, cerca de 62 milhões de pessoas (10,2% da população) se encontravam na extrema pobreza, o maior índice desde 2008.
Apesar da taxa geral da pobreza, que é medida pela renda, ter se mantido estável em 2017, a proporção de pessoas em situação de extrema pobreza continuou crescendo, seguindo uma tendência observada desde 2015. Coincidentemente, foi a partir deste mesmo período que governos com perfil de centro-esquerda e maior comprometimento com questões sociais passaram a ser substituídos em muitos países da região por governos direitistas alinhados com o neoliberalismo.
“Ainda que a região tenha atingido importantes avanços entre a década passada e meados da presente, desde 2015 foram registrados retrocessos, particularmente em matéria de extrema pobreza”, explicou a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.
Frente a este desafio, Alícia acredita que os países da região precisam dedicar esforços a melhorar as políticas públicas complementares de proteção social e inclusão no mercado de trabalho, bem como impulsionar políticas de redistribuição de renda.
Diferentes níveis de pobreza
O estudo do Cepal indica que há diferenças sobre os níveis de pobreza e de pobreza extrema entre os países da América Latina. No Chile e Uruguai, por exemplo, a taxa de pobreza é inferior à 15% da população. Já em outros sete países, a taxa fica entre 15% e 25%, sendo que em seis nações a pobreza afeta mais do que 25% da população.
A expectativa da Cepal é que um provável crescimento do PIB em 2018 possa contribuir para uma pequena redução na taxa de pobreza, embora acreditem que a taxa de pobreza extrema deva se manter igual.
Relação entre pobreza e pobreza extrema
Os números apresentados no relatório também indicam uma relação direta entre as taxas de pobreza e de pobreza extrema. Argentina, Chile, Costa Rica e Uruguai têm taxas de extrema pobreza abaixo de 5%, Brasil, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai, Peru e República Dominicana têm taxas entre 5% e 10% e o restante dos países apresentam taxas acima de 10%.
Ao analisar os países que obtiveram as maiores reduções da pobreza entre os anos de 2012 e 2017, percebe-se que em países como o Chile, El Salvador e República Dominicana o aumento da renda do trabalho nos domicílios com menores recursos foi a fonte que mais contribuiu para essa diminuição. Já na Costa Rica, Panamá e Uruguai os principais fatores que contribuíram foram as pensões e transferências recebidas pelos domicílios com menores recursos.
Vermelho, 17 de janeiro de 2019