Quem ganha entre R$ 2.089,61 e R$ 6.101,06 vai arcar com alíquota entre 2 e 3 pontos percentuais maior.
A partir de 1° de março, contribuintes do Instituto Nacional da Previdência Social (INSS) que ganham a partir de R$ 2.089,61 perceberão um desconto maior em seus rendimentos.
Dessa data em diante, passa a valer a nova alíquota progressiva, instituída pela Reforma da Previdência de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro.
Em teoria, a ideia seria desonerar quem ganha menos, transferindo o peso para quem ganha mais. Na prática, quem ganha entre R$ 2.089,61 e R$ 6.101,06 vai arcar com uma alíquota entre 2 e 3 pontos percentuais maior. Ou seja, a classe média é quem será onerada, majoritariamente.
O governo federal oficializou as novas faixas de cálculo na terça-feira (11). Para quem ganha até um salário mínimo (R$ 1.045), a alíquota cai de 8% para 7,5%. Para quem ganha entre R$ 1.045,01 e R$ 2.089,60, continuará em 9%.
Para a faixa entre R$ 2.089,61 e R$ 3.134,40, a alíquota sobe de 11% para 12%. Por fim, para contribuintes que recebem entre R$ 3.134,41 e R$ 6.101,06, a alíquota subiu de 11% para 14%.
“O governo busca aumentar a receita nas costas dos trabalhadores, aumentando a alíquota de contribuição dos assalariados. A Previdência Social, para ser adequadamente financiada, precisará de uma organização profunda das bases de seu financiamento”, afirma Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e professor universitário e ex-diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Segundo Clemente, as mudanças no mundo do trabalho, com aumento da informalidade, tornam a sustentabilidade da Previdência um desafio ainda maior. “As mudanças no mundo do trabalho e a flexibilização das formas de contratação afastam o trabalhador da proteção e fragilizam ao extremo o financiamento”, destaca.
Vermelho, 14 de fevereiro de 2020