O IBGE divulgou recentemente os dados sócios econômicos de 2018 através dos quais se pode avaliar a realidade brasileira.
Por Aluisio Arruda*
Metade da população – cerca de 104 milhões de pessoas – tenta sobreviver com menos de meio salário mínimo, (cerca de R$ 14,00 por dia). Em situação ainda pior, aproximadamente 10,4 milhões, com apenas R$ 1,70 por dia, ou R$ 51,00 mensais. Brasileiros que viviam na miséria extrema em 2014 eram 4,5% da população, agora atingiram índice recorde de 6,5% e já são 14,8 milhões.
Nos últimos três anos 341,6 mil empresas encerraram suas atividades, elevando o desemprego de 4,13% em 2014 para 13,7% no final de 2018, índice três vezes maior. Hoje com leve recuperação por conta do final do ano motivado pelas festas natalinas, ainda são 12,7 milhões de desempregados e mais de 30 milhões no sub- emprego.
Enquanto essa trágica realidade atinge a grande maioria da população que teve nos últimos anos sua renda reduzida em aproximadamente 3%, os 1% mais ricos comemoram com alegria vendo a sua renda crescer quase 13%. Os bancos e os rentistas são os que mais lucram. O Santander saltou 52,13% de 2017 para 2018, o Bradesco 30,2% e o Banco do Brasil 16,81%. Enquanto o crescimento do PIB do Brasil em 2017 foi de apenas 1%, em 2018 de 1,1% e em 2019 a projeção é de apenas 0,9%.
Esses dados mostram claramente que enquanto a grande maioria do povo brasileiro empobrece rapidamente, e o pais afunda, uma pequena parcela mais rica fatura como nunca.
Dentre as causas do aumento da desigualdade estão o congelamento de gastos públicos por 20 anos (PEC 95), a reforma trabalhista e outras medidas antipopulares adotadas no governo Temer. Agora, com muito mais vigor e rapidez, em menos de um ano, o governo Bolsonaro, dando continuidade a retirada de direitos sociais, com a Reforma da Previdência, cortes de verbas para a educação, a pesquisa e de outros setores importantes para o desenvolvimento do país, promove uma enxurrada de decretos contra a democracia, contra os trabalhadores, a cultura, o meio ambiente e outras necessidades e conquistas do povo brasileiro.
É fácil então perceber que os governos Temer e Bolsonaro, além de promoverem a divisão e o ódio entre brasileiros, de forma muito rápida vem causando graves prejuízos aos trabalhadores em geral, à classe média, ao país com as privatizações em massa, e entrega desbragada de nossas riquezas, para privilegiar uma pequena parcela de ricos e bilionários principalmente estrangeiros.
Já prevendo grandes insatisfações e manifestações contra sua política neoliberal como ocorre no Chile, Bolívia, Equador e outros países, ameaça através do seu filho 03, o fritador de hamburger, que no caso de manifestações, o governo poderia recriar o AI 5 de triste memória durante a ditadura militar. E o próprio presidente, reforçando o pedido de Moro e seguindo exemplo da auto-declarada presidente interina da Bolívia, envia decreto ao Congresso isentando a Polícia, assim como as Forças Armadas, de responsabilidade criminal se matar manifestantes, já que seriam terroristas segundo recente declaração do próprio Bolsonaro.
Esse presidente que vai se caracterizando como um novo déspota. Se tivesse tido acesso a maiores conhecimentos, saberia que todos os outros desvairados, desde Hitler, Mussoline, Stroessner, Pinochet, e os ditadores militares que infelicitaram este país por 21 anos, foram derrotados e acabaram no lixo da história.
*Aluisio Arruda é jornalista, arquiteto e urbanista e membro do PCdoB de Mato Grosso.
Vermelho, 26 de novembro de 2019