Acessibilidade invade construção civil

28 de janeiro de 2013

Tornar um espaço acessível aos deficientes é uma preocupação cada vez mais constante em todo o mundo. No Brasil não é diferente. Dados do último Censo Demográfico, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que mais de 45,6 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência, totalizando 23,9% da população do País. Neste índice estão incluídas as deficiências visual, auditiva, mental e motora, de acordo com seus graus de severidade.

O Censo divulgado no ano 2000 trazia o Brasil com 24 milhões de pessoas com deficiência. Como se vê, o índice quase dobrou na última década, fazendo com que o poder público e o privado voltassem ainda mais a atenção ao tema.

O mercado da construção civil, por exemplo, passou por uma série de alterações e os novos empreendimentos continuam sendo adaptados à nova realidade. Os projetos arquitetônicos e de engenharia devem conter itens básicos que permitam a acessibilidade e a mobilidade de quem precisa.

Em poucas palavras, tornar um ambiente acessível nada mais é do que permitir que ele possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive as que apresentam mobilidade reduzida.

Pensando nisso, os projetos vislumbram rampas de acesso, portas em tamanhos maiores, banheiros adaptados, piso tátil, elevadores com teclas para deficientes visuais, entre outros itens. Tais exigências estão previstas em legislações específicas, como a NBR de ”Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos” (9050/2004), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

”Todos os espaços que vierem a ser projetados, construídos, montados ou implantados, bem como reformas e ampliações, devem atender ao disposto da norma”, especifica a legislação, indicando que a acessibilidade deve constar em todas as obras de uso coletivo, excluindo as residências unifamiliares.

O arquiteto Clóvis Bohrer, diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon Norte), explica que a norma serve como referência e não é uma obrigação. ”Mas os projetistas e empreendedores estão habituados às exigências e procuram respeitá-las”, pondera.

Ele avalia que a preocupação com a acessibilidade acontece mais por questões sociais do que de mercado. ”Os profissionais buscam uma postura politicamente correta, respeitando esse público e tornando-se sensíveis às suas necessidades”, observa.

As prefeituras municipais, conforme esclarece Bohrer, têm algumas exigências que são cobradas durante a análise do projeto arquitetônico e no momento de conceder o Habite-se.

Respeito à lei

Para o coordenador de engenharia da Vectra Construtora, Márcio André Giocondo, os itens de acessibilidade são primordiais e incluídos em todos os empreendimentos da empresa. ”Desde que a norma (NBR 9050/2004) foi aprovada, os nossos projetos passaram a respeitar os itens determinados na lei”, observa.

Ele destaca que os espaços de uso coletivo são todos acessíveis. Já os apartamentos, de uso privativo, dependem da solicitação do cliente para serem alterados. ”Mexemos no layout interno quando há necessidade”, garante.

As áreas comuns, segundo ele, contam com rampas, banheiros adaptados, piso tátil e elevador específico para deficiente.

Fonte: Folha de Londrina, 28 de janeiro de 2013