Daniel Evangelista tinha 30 anos e trabalhava na construção civil. Ele saiu de casa na manhã de ontem (3) e seguia de bicicleta até o trabalho quando foi atingido por uma caminhonete D-20, no cruzamento das ruas Voluntários da Pátria e Londrina. Ele bateu a cabeça na traseira do veículo e foi socorrido pelo Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência), que constatou que Daniel apresentava ferimentos leves e o encaminhou para ser atendido na UPA I (Unidade de Pronto Atendimento).
Seria bem possível que, diante dos poucos ferimentos, o jovem pudesse retornar ao trabalho ainda ontem (3) depois de ser atendido na UPA, mas não foi isso que aconteceu. Daniel Evangelista não resistiu e faleceu na unidade. O acidente aconteceu por volta das 7 horas e logo em seguida o rapaz deu entrada na UPA, mas às 10h35 foi constatada a morte.
Consternada com a perda, a família questiona o diagnóstico da gravidade e o tempo que Daniel levou para ser atendido depois que chegou à UPA I.
“Os socorristas falaram que ele estava com ferimentos leves, mas ele chegou à UPA com o pescoço praticamente pendurado e ficou mais de uma hora largado em um canto esperando para ser chamado. Depois desse tempo todo, quando estava prestando assistência para ele, ele acabou não resistindo”, explica a tia de Daniel Evangelista, Raquel Ribeiro.
Raquel conta que os familiares querem esclarecer a situação e descobrir o porquê de o rapaz não ter sido de imediato encaminhado para o hospital, onde haveria mais recursos para o atendimento.
“Todo mundo precisa saber realmente o que aconteceu para que amanhã ou depois, quando acontecer outro caso parecido, não façam como fizeram com meu sobrinho”.
Em contato com o Siate, não havia ninguém do plantão que atendeu Daniel e até o fechamento da edição não foi possível o contato com a tenente responsável pela Relações Públicas do Corpo de Bombeiros. Portanto, não foi possível apurar mais detalhes sobre a situação de Daniel ao ser socorrido, a única informação é a que consta no relatório de ocorrências no site do Corpo de Bombeiros, que confirma que ele apresentava ferimentos leves ao ser atendido.
O coordenador técnico do Consamu (Consórcio Intermunicipal Samu Oeste), o médico Rodrigo Nicácio explicou que a regulação é feita com base nos relatos de quem está no local, que são repassados via rádio.
“Fundamentados no depoimento de quem está atendendo, que vai dizer se o caso é código 1, 2 ou 3, nós realizamos o encaminhamento para o serviço médico. Quando se trata de código 3, que são ferimentos graves, o paciente é encaminhado para um hospital. Mas é importante lembrar que às vezes a pessoa apresenta um quadro leve durante o socorro e a situação acaba se complicando depois”, diz o médico.
De acordo com o Rodrigo, em situações em que ocorre complicação do quadro do paciente depois que o mesmo dá entrada no hospital ou unidade de saúde e há necessidade de transferência para outro local, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) deve ser acionado. Só que o Samu não possui nenhum registro de acionamento da UPA I para transferir Daniel Evangelista.
Sem detalhes
No início da tarde de ontem (3), entramos em contato com a UPA I (Unidade de Pronto Atendimento) e com a Secretaria de Saúde em busca de informações sobre o caso de Daniel Evangelista. Na UPA I ninguém estava autorizado a falar sobre o caso e disseram que somente a assessoria da Secretaria poderia repassar as informações. Na Secretaria de Saúde, quem respondeu via e-mail foi a diretora do Departamento de Atenção a Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel, Mara Lúcia Renostro Zachi, com as seguintes informações:
“Paciente vitima de trauma deu entrada na UPA Tancredo Neves às 07h40, com sinais vitais normais e corte na região encefálica. Foi atendido e medicado, encaminhado para o suporte. Às 10h30 entrou em óbito”.
Mara não detalhou a causa da morte, mas afirmou que o prontuário não constava trauma na coluna.
Fonte: CGN