CBIC: Empresas “caçam” estudantes de Engenharia Civil

2 de abril de 2013

Copa do Mundo, Olimpíadas, PAC, pré-sal e a estabilidade econômica do país movimentam o mercado da construção civil. Segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os investimentos previstos em infraestrutura e nos eventos esportivos demandam cerca de 200 mil engenheiros nos próximos quatro anos. Mas a média anual de registros aponta déficit de 50 mil profissionais em 2016.

O resultado é uma concorrência acirrada pelos melhores engenheiros. Para se aproximar dos universitários e conquistar futuros profissionais, empresas participam de feiras, fazem palestras e oferecem visitas técnicas.

A construtora Odebrecht iniciou em 2012 o programa Estágio nas Férias, no qual estudantes conhecem as áreas de uma obra em 30 dias. A incorporadora MDL Realty, por exemplo, irá patrocinar a Semana Fluxo de Engenharia, que acontece em abril na UFRJ. Já a Petrobras investe em bolsas de estudo para estudantes e pesquisadores.

– As empresas disputam os melhores alunos. Temos engenheiros recém-formados atuando em posições seniores – afirma Vanderli de Oliveira, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e integrante de comissões sobre o ensino de Engenharia no MEC e no Confea.

Aos 25 anos, Carlos Cerveira é um dos engenheiros civis do Parque Olímpico, em Jacarepaguá, e coordena 160 operários. Formado em 2009 pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), já trabalhou em uma Barragem, no Rio Grande do Sul, e no Terminal Portuário de Santos, em São Paulo.

– Minhas três transferências aconteceram em menos de uma semana. O engenheiro tem que estar preparado para viajar para onde a obra estiver. Sua vida tem que caber em um carro – avisa.

O mercado aquecido e os altos salários – a média inicial nacional ultrapassa R$ 6 mil, segundo o site de empregos Catho – promoveram uma “corrida” aos cursos de Engenharia Civil. Entre 2010 e 2013, a relação candidato/ vaga dobrou nos processos seletivos da Uerj e da Fuvest, que é o maior do país, com exceção do Enem. Em São Paulo, o índice saltou de 26,78, em 2010, para 53,18, em 2013, o segundo curso mais concorrido, atrás de Medicina.

A graduação cresce em ritmo acelerado, mas ainda insuficiente para dar conta da demanda. Os principais gargalos são a alta evasão e a demora na conclusão do curso.

– A evasão está em torno de 42%, na média geral de todas as especialidades. A maioria desiste no primeiro semestre, pois se assusta com a matemática e não sabe estudar por conta própria – destaca Vanderli.

Para combater o problema, a Universidade Veiga de Almeida (UVA) reformou o currículo e incluiu um reforço em matemática e projetos já no primeiro semestre.

– Estou projetando banheiros modernos, mais sustentáveis e econômicos. É um bom contato, mas quero trabalhar em grandes obras – diz Thamyris, aluna do 3º período da UVA.

As empresas estão exigentes e investem em programas de estágio e trainees ou procuram profissionais especializados. Estudo da Firjan feito em 2012 com as 400 maiores empresas do país aponta que 57% das contratantes vão exigir engenheiros civis com pós-graduação ou MBA.

Consultora de carreiras, Denise Retamal afirma que as empresas buscam profissionais com especialização, não só com diploma. As áreas em alta são ligadas a planejamento, execução e gestão de obras de infraestrutura.

– Quem quiser se destacar tem que ter conhecimento de conteúdos técnicos e domínio de outro idioma – avalia Denise, diretora executiva da empresa de recursos humanos RHIO’S.

Mãos a OBRA !

Graças aos investimentos previstos, o Brasil vai precisar de cerca de 200 mil engenheiros para os próximos quatro anos. Nos últimos dez anos, em média, 38 mil engenheiros tiraram seu registro profissional.
Em quatro anos, serão 152 mil novos profissionais, mas a procura por vagas vem crescendo nas universidades. A Copa do Mundo, as Olimpíadas, o PAC e o Pré-Sal alavancaram o crescimento do país.

Especialize-se

Estudantes podem completar a graduação com cursos de curta duração como o Engenharia de Custos para Obras Públicas, com 96 horas, e o Obras Públicas: Planejamento e Cestão, de 108 horas, ambos do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio (cce.puc-rio.br). A universidade tem também o curso livre Matemática Financeira com Aplicações à Análise de Investimentos, de 36 horas. Outra opção é fazer um curso à distância, como o Cerenciamento de Projetos do Ibmec, com 30 horas.

Pós e MBA

Programe-se para fazer uma especialização ao término da faculdade. A UFRJ oferece a pós-graduação em Gestão e Gerenciamento de Projetos (poli.ufrj.br), com 378 horas. Na UVA (uva.br), é possível cursar MBA em Gestão de Projetos. A distância e presencial, com 17 meses.

FONTE: CBIC, 02 de abril de 2013