Construção da Copa: Operária foi alfabetizada durante a obra do Castelão em Fortaleza

10 de junho de 2014

Operária CopaFrancisca Falcão conta com orgulho que ajudou a reconstruir e a modernizar a Arena Castelão. Quarenta anos antes, pai e avô da pedreira trabalharam na construção do antigo estádio

Quando o Castelão começou a ser construído, no início da década de 1970, Zacarias Falcão e o filho Juraci trabalharam por mais de três anos nas obras que levantaram o estádio em Fortaleza. Mais de 40 anos depois, a tradição da família foi mantida: dessa vez por uma mulher. Francisca Falcão Damasceno, de 36 anos, trabalhou na reconstrução da moderna Arena Castelão, que será palco de seis partidas da Copa do Mundo.

“Cresci ouvindo meu pai e meu avô falando das obras do Castelão. É muito forte na nossa família. Então, eu já sabia que queria trabalhar aqui quando o estádio fosse reconstruído para a Copa”, disse a filha de seu Juraci, que ficou conhecida apenas como “Falcão” entre os colegas de obra. Agora, com a arena concluída para o Mundial, a pedreira trabalha na finalização da montagem das estruturas móveis que serão utilizadas no torneio.

Falcão é uma das 70 mulheres que participaram da reconstrução do estádio. Ela garante que sempre foi respeitada pelos companheiros de trabalho. “Aqui eu trabalho igual a todo mundo. O relacionamento com eles sempre foi muito bom e todos me respeitam”, disse a pedreira, mãe de quatro filhos e avó de três netos – o quarto já está a caminho.

Hoje com 68 anos, seu Juraci lembra da época em que o Castelão “era só mato” e das dificuldades de trabalhar na construção civil. “Lá não tinha nada. Era uma matagal só. Hoje está tudo bem diferente. Para a gente trabalhar era mais difícil, não tinha equipamentos como tem hoje. Mas é um orgulho ver minha filha trabalhando lá. Ela aprendeu muito rápido”, afirma o aposentado, lembrando que começou a trabalhar na construção civil após as lições do falecido pai, Zacarias.

Alfabetização

A relação de Francisca Falcão com a Arena Castelão não termina com o fim das obras. Quando entrou para a construtora responsável pela reforma, a operária era analfabeta. Em menos de três anos, aprendeu a ler e escrever graças ao programa de alfabetização oferecido aos funcionários. Ela conta, com satisfação, que conseguiu tirar até carteira de motorista. “Para mim foi a realização de um sonho”, afirma a torcedora do Ceará Sporting Club.

Daqui a alguns dias, Falcão realizará um de seus maiores sonhos: assistirá no Castelão a uma partida de Copa do Mundo. Ela foi contemplada com ingresso para o jogo entre Uruguai e Costa Rica (14.06), oferecido pelo consórcio da arena formado pelas empresas Galvão Engenharia e Andrade Mendonça. “Estou muito feliz. Só que, mesmo sendo jogo do Uruguai, vou com a camisa do Brasil”, garante a pedreira, que espera agora receber outro ingresso para levar o pai Juraci ao Castelão. “Ele merece ver esse momento que ajudou a construir”.

Na semana passada, a operária foi homenageada durante o lançamento do livro “Arena Castelão – Governador Plácido Castelo” e recebeu um exemplar de presente entregue pelo secretário especial da Copa do Mundo do Ceará (Secopa), Ferruccio Feitosa. “É um orgulho muito grande. Ainda mais para mim, que sou mulher”, disse Falcão.

Arena Castelão Copa

Crédito das Fotos: Thiago Cafardo/Portal da Copa

Fonte: Portal da Copa

10/06/2014