Entidades também preparam abaixo-assinado contra a “reforma” da Previdência. Ministro da Economia não foi a debate na Câmara por falta de relator para o projeto.
Animadas com o resultado das manifestações da última sexta-feira (22) pelo país, as centrais sindicais apostam no crescimento da mobilização para barrar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6, de “reforma” da Previdência e na semana que vem lançarão um abaixo-assinado, para circular nacionalmente, contra o projeto do governo. Em reunião realizada nesta terça-feira (26), em São Paulo, as entidades também discutiram a realização, daqui a pouco mais de um mês, de um inédito 1º de Maio unitário.
Sobre o dia de protestos contra a “reforma” representou um “movimento forte, que superou as expectativas”, conforme resumiu o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre. A reunião realizada na manhã de hoje na sede do instituto, na região central, reuniu dirigentes da CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical e Nova Central.
Eles destacaram, entre outras, a mobilização dos trabalhadores no setor de transportes, que na capital paulista conseguiram atrasar a saída de ônibus das garagens. De acordo com as entidades, foram organizadas manifestações em mais de 120 cidades. A greve geral continua no foco, mas não foi o principal assunto da pauta de hoje. As centrais pretendem apoiar a paralisação nacional dos trabalhadores na educação, prevista para 26 de abril.
“Há um sentimento de mudança, as pessoas estão começando a compreender o que significa a reforma”, avalia Silvestre, para quem a desarticulação política do governo ajuda na estratégia contra o projeto em tramitação no Congresso. Na próxima terça-feira (2), será lançado um abaixo-assinado contra a PEC. Uma semana depois, representantes das centrais irão a Brasília pressionar os parlamentares para não aprovar a proposta governista.
Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deveria comparecer à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para debater a PEC 6, mas desistiu porque até agora não foi designado um relator para a proposta, em mais um episódio da crise entre Executivo e Legislativo. O governo enfrenta resistências para avançar na tramitação do projeto.
“Como ele não tem se furtado ao debate com a Câmara, entendo que a coisas ainda têm tempo. Acho que o presidente da CCJ poderia indicar o relator e conversar com Guedes para ser recebido por todos nós. É isso que vou fazer, dentro do meu quadro, todo meu apoio à tramitação e aprovação da reforma”, comentou o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). À tarde, Guedes foi “substituído” no colegiado pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.
Em data ainda não definida, as centrais voltarão a se reunir para discutir a organização do Dia do Trabalhador, tentando reunir todas as entidades pela primeira vez. “Tem todos os indicativos de ser um 1º de Maio unitário”, observou o coordenador do Dieese.