Empresas faltam com flexibilidade na contratação dessa população, que se enxerga cada vez menos no mercado ou é convencida a trabalhar na informalidade, abrindo mão de seus direitos
São Paulo – Ao menos 30% dos jovens paulistanos entre 14 e 29 anos estão desempregados, de acordo com a pesquisa Juventude e Mercado de Trabalho, divulgada nesta segunda-feira (28) pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Um dos fatores que explica essa realidade é a falta de experiência, que pesa muito na hora de conquistar uma vaga em uma empresa. Em geral, a demanda é por um profissional pronto, o que não é o caso dos jovens, como apontam pesquisadores.
“As empresas precisam olhar com um pouco mais de entendimento esse momento da pessoa que está saindo da escola e começando na universidade, e ter um pouco mais de flexibilidade na contratação e preparação desses jovens”, propõe o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Luciano Máximo, em entrevista ao repórter André Gianocari, do Seu Jornal, da TVT.
Os pesquisadores ainda observaram um aspecto do levantamento, que aponta o crescimento do pessimismo da juventude em relação ao mercado de trabalho entre os jovens com maior escolaridade. “O jovem não consegue se enxergar no mercado de trabalho, inserido de fato. Então você tem a galera fazendo Rappi, Uber Eats, Ifood“, aponta a estudante de Sociologia Gabriela Dayeh, de 21 anos, em referência aos aplicativos de entrega em que a pessoa trabalha geralmente na informalidade com jornadas excessivas e baixa remuneração. “Trabalho em um bar, não sou CLT e trabalho lá há 11 meses. São coisas que a gente precisa ir lidando para ter dinheiro e conseguir pegar a condução para vir na faculdade. Acho muito frustrante”, relata.
Em um país de mais de 12,5 milhões de desempregados, não é raro encontrar ainda jovens abrindo mão de seus direitos trabalhistas para ter uma oportunidade, sem avaliar o quanto isso será prejudicial no futuro, uma realidade que já atingiu pelo menos 30% dos jovens, segundo a pesquisa.