Fraco desempenho da indústria mostra fragilidade da economia brasileira

5 de fevereiro de 2020

Das seis variáveis levantadas pela CNI, cinco apresentaram queda, entre as quais o faturamento do setor. Para o Dieese, indicadores expõem falta de um projeto de desenvolvimento robusto.

ARQUIVO EBC
Levantamento da CNI mostra queda de 0,8% no faturamento real do setor industrial. Massa salarial, rendimento do trabalhador e horas de produção trabalhadas também caíram

 

Indicadores mostram um fraco desempenho da indústria brasileira em 2019, de acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira (3). Os dados apontam queda em cinco das seis variáveis consideradas pela entidade, entre elas o faturamento real do setor, que caiu 0,8% na comparação com 2018. Uma situação de “quase estagnação da atividade industrial”, segundo o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em sua coluna na Rádio Brasil Atual.

A massa real de salários caiu 1,9%, assim como o rendimento médio real do trabalhador, que recuou 1,5%. As horas trabalhadas na produção também despencaram 0,5% e o emprego apresentou uma queda de 0,3%. Apenas a produção industrial registrou alta na comparação com 2018, mas não o suficiente para ter uma repercussão positiva sobre o emprego e faturamento, como aponta a nota da entidade.

Os dados da CNI ainda mostram que a indústria opera com uma capacidade ociosa em torno de 23%. Apesar de poder produzir mais, isso não ocorre por conta da falta de consumo e demanda interna, causada em parte pelos baixos salários.

“E as nossas exportações de bens manufaturados, produzidos pela indústria, também está muito fragilizada, em queda, perdendo participação para a exportação primária, de grãos, minérios. Ou seja, ao invés de exportarmos produtos industrializados, pela capacidade de transformação da nossa indústria, nós estamos exportando produtos primários e a indústria que está transformando esse produto primário é a indústria de outros países que importam os nossos produtos”, afirma o diretor técnico à jornalista Marilu Cabañas.

Na análise de Clemente, os resultados da indústria no último ano acabam por apresentar a falta de “um projeto de desenvolvimento nacional”.

 

RBA, 05 de fevereiro de 2020