Interesse privado segue predominando sobre o coletivo, diz diretor técnico do Dieese sobre tarifa de luz

8 de abril de 2020

Enquanto população mais pobre receberá auxílio de R$ 900 milhões, empresas terão repasse de R$ 2 bi.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, avalia a possibilidade do governo federal pagar as contas de luz de cerca de 9,4 milhões de famílias pobres pelos próximos três meses por meio de um repasse de R$ 900 milhões ao programa Tarifa Social. Ao mesmo tempo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) repassará R$ 2 bilhões para empresas do setor.

Fausto Augusto Junior, diretor técnico do Dieese, afirma que a diferença do valor que será destinado a cada segmento mostra os verdadeiros interesses do ministro Guedes. “A gente vê a disputa entre o interesse coletivo e o privado, mas predominando o privado”, criticou à Rádio Brasil Atual.

A iniciativa será direcionada para as famílias que têm um consumo médio de 220 kWh mensais. Mais da metade desse grupo vive no Nordeste. Ao todo, R$ 900 milhões serão destinados para pagar esse valor.

“A gente defende que o Estado dê suporte a essas famílias, mas o ministro olha para a ideia de salvar as empresas. É bom lembrar que boa parte das distribuidoras foram privatizadas e, agora, chamam o Estado. Por trás dessas decisões do ministro há mais os interesses das empresas privadas do que o bem estar da população”, afirmou Fausto.

As empresas de energia elétrica afirmam que o consumo caiu em 8% na segunda quinzena de março. A Aneel ainda autorizou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a efetuar mais repasses se for preciso.

O diretor técnico do Dieese defende que medidas sejam tomadas para defender os mais pobres do país. “A gente vem falando que é necessário construir esse colchão social, que começa com a renda emergencial e tem que chegar aos serviços básicos, como energia elétrica, água e comunicação. Medidas desse tipo ajudam a mitigar o gasto das famílias”, acrescentou.

 

RBA, 08 de abril de 2020