Matéria publicada pelo Valor Econômico da quarta (30) revela que a subocupação subiu 37% no último ano. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, e revelam que, das 2,4 milhões de vagas criadas nos últimos 12 meses, 892 mil foram ocupadas por pessoas que trabalham menos do que gostariam, ou seja, subempregadas.
Do total, 31% trabalham nas chamadas “ocupações elementares”, como profissionais de limpeza, alimentação, construção e manutenção. Outros 26% são trabalhadores de serviços e vendedores do comércio.
Renda – A pesquisa informa que rendimento médio dos subocupados era de R$ 826,00 no segundo trimestre, abaixo do salário mínimo de R$ 998,00 e equivalente a 36% da renda média dos trabalhadores em geral, que é de R$ 2.290,00.
“É um salário de fome, que não garante o sustento”. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, Pedro Afonso Gomes. Para o dirigente, a situação é reflexo da estagnação econômica do País. “Quando temos um exército de desempregados, a situação é essa. O cidadão se sujeita a qualquer ocupação ou remuneração para sobreviver”, observa.
Perda – Segundo o economista, há um leilão de vagas onde todos perdem. “Se a pessoa não aceitar, outra aceita, porque a taxa de desemprego é grande e as empresas estão demitindo os mais experientes pra contratar pessoas mais novas e menos qualificadas, com menores salários. Perde o trabalhador e perde o empregador”, ele alerta.
Outro fator destacado por Pedro Afonso é a nova legislação trabalhista, que empurra para informalidade. “A reforma trabalhista permite que o trabalhador aceite flexibilizar seus direitos. O próprio funcionário acaba entrando num acordo com o patrão, abre mão de garantias, como Piso salarial. É uma situação grave”, afirma.
Economia – Fruto da atividade fraca, a subocupação acaba retroalimentando a morosidade da economia, alerta Pedro Afonso Gomes. “Quem trabalha menos tem renda menor, contribui para a redução do consumo e isso se reflete diretamente na economia local. É um efeito em cadeia, que afeta toda a sociedade. Quem não tem renda não consome. Afeta o patrão e o empregado”.
Na avaliação do economista, a saída é a retomada do crescimento, algo que não é previsto para os próximos quatro ou cinco anos. “Enquanto a economia não andar, a situação não muda. Por isso, é fundamental um pacto entre setor empresarial e trabalhadores. Se depender de governo, não há perspectiva de retomada do desenvolvimento”, conclui.
Agência Sindical, 1º de novembro de 2019