Segundo o governo, que divulgou os dados do Caged pela primeira vez no ano, as admissões caíram 56% e as demissões cresceram 17%.
Primeiros dados de 2020 mostram corte abrupto de vagas formais no país
No dia em que voltou a divulgar dados do mercado formal de trabalho, no agora chamado Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o governo informou o fechamento de 860 mil vagas apenas em abril. Foram registradas 598.596 contratações e 1.459.099 demissões, resultando em menos 860.503 postos de trabalho com carteira assinada.
Segundo o Ministério da Economia, as admissões caíram 56,5% na comparação com abril do ano passado. Já as demissões aumentaram 17,2%. Em São Paulo, foram fechadas 260.902 vagas.
Agora, o estoque de empregos formais no país é de 38,046 milhões. Em abril de 2015, era de 41,068 milhões. Em cinco anos, o país perdeu 3 milhões de vagas formais.
Queda no ano
Com acréscimo de vagas em janeiro e fevereiro e corte em março e abril, o resultado é negativo também no acumulado de 2020. De janeiro a abril, o “Novo Caged” registra 4.999.981 admissões e 5.763.213 desligamentos – menos 763.232 empregos formais. Em igual período de 2019, houve saldo de 313.835. Nestes quatro meses, o volume de contratações caiu 9,6%, enquanto o de demissões subiu 10,5%.
Das 860.503 vagas a menos em abril, o setor de serviços cortou 362.378 e de comércio/reparação de veículos, 230.209. A indústria de transformação fechou 191.752 postos de trabalho.
Naquilo que o governo chama de “modernização trabalhista”, o trabalho intermitente tem saldo de 14.123 vagas no ano e o trabalho parcial, de 7.710. Já os desligamentos “por acordo” somaram 66.786. Assim, mesmo a “modernização” resultou em diminuição do emprego.
Medida provisória
No mês passado, o salário médio de admissão foi de R$ 1.814,62. O Ministério da Economia não divulgou o rendimento médio dos demitidos, que tem sido sempre maior que o dos contratados.
O governo afirma que a Medida Provisória 936 preservou 8,1 milhões de empregos. A MP, que está para ser votada na Câmara, permite redução de jornada e salário.
O governo informou que houve mudança na base de dados. As informações passaram para o Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial). “Com a mudança, o cumprimento de 13 obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas fica centralizado em um só sistema e aumenta a qualidade da informação e há aperfeiçoamento do registro administrativo.”