Moro e Deltan combinaram campanha publicitária ilegal

16 de julho de 2019

Novos diálogos divulgados revelam que procurador da Lava Jato queria aval de ex-juiz para usar R$ 38 mil da 13ª Vara para fazer campanha publicitária.

 

 

 

O conluio entre o Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato para, à revelia do que manda a lei, direcionar as investigações e transformar a operação num partido político com lado definido acaba de ganhar mais um inacreditável episódio: o ex-juiz e o chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, tramaram usar dinheiro público para a produção de um vídeo publicitário no valor de R$ 38 mil. 

A denúncia foi revelada pelo jornalista Reinaldo Azevedo na noite desta segunda-feira (15) e tem como base os diálogos privados divulgados desde o início de junho pelo site The Intercept Brasil com diversos outros sites e jornais do país. O novo caso leva em conta uma troca de mensagens entre os dois “justiceiros” ocorrida em 16 de janeiro de 2016.

Na ocasião, Dallagnol pergunta a Moro se ele acha “possível a destinação de valores da Vara (13ª Vara de Curitiba), daqueles mais antigos, se estiverem disponíveis, para um vídeo contra a corrupção, pelas dez medidas, que será veiculado na Globo?”.

Na mensagem seguinte, o procurador se dá conta que o uso de dinheiro público para promoção pessoal, poderia arranhar a imagem da Lava Jato e, caso isso ocorresse, recusaria a oferta.  “A produtora está cobrando apenas custos de terceiros, o que daria uns 38 e poucos mil”, acrescenta o procurador. “Se achar que pode arranhar a imagem da Lava Jato, nem nós queremos”, completa.

O então juiz, que tornou-se ministro do candidato que “indiretamente” ajudou a eleger, responde somente no dia seguinte: “se for uns 38 mil, acho que é possível. Deixa eu ver na terça e te respondo”.

 

Reunião para pensar o futuro da Lava Jato

Em outro trecho das conversas divulgadas nesta segunda por Azevedo mostra que Deltan e Sérgio Moromarcaram reuniões para definir o futuro da Lava Jato. A revelação é mais uma prova de que o ex-juiz coordenava ilegal e informalmente a operação.

No dia 3 de setembro de 2015, Deltan, que oficialmente coordenava a força tarefe sugere: “Caro, quando seria um bom dia e hora para reunião com a PF, aí, sobre aquela questão das prioridades? Sua presença daria uma força moral nessa questão da necessidade de priorização e evitaria parecerr que o MPF quer impor agenda”.

Moro responde que está sem tempo para reuniões naquela semana e nas próximas. Deltan volta ao assunto no dia 16 de outubro quando propõe: “Caro juiz, seria possível reunião no final de segunda para tratarmos de novas fases, inclusive capacidade operacional e data considerando recesso? Incluiria PF também”

Dessa vez, Moro responde que “seria oportuno” e marca o encontro para uma terça-feira pela manhã mesmo sabendo que há irregularidade na reunião. “Marcado então? Decretei nova prisão de três da Odebrecht, tentando não pisar em ovos. Receio alguma reação negativa do STF. Convém talvez vocês avisarem”, alertou o ex-juiz.

 

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Vermelho, 16 de julho de 2019