Mulheres enfrentam desigualdades, ganham menos e trabalham mais

6 de março de 2020

Apesar das constantes lutas das mulheres na sociedade por igualdades de direitos e oportunidades, ao longo dos últimos anos a situação pouco avançou. É o que se contata no resultado de pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). 

Dados revelam que, no quarto trimestre do ano passado, as mulheres dedicaram às tarefas domésticas 95% a mais de tempo que os homens. Em média, foram 541 horas a mais por ano, cerca de 68 dias trabalhados em uma jornada de oito horas dedicadas apenas a tarefas do lar. Se fosse um emprego de segunda a sexta, as mulheres teriam trabalhado três meses a mais que os homens.

 

Cenário de desigualdade persiste. Mulheres ganham menos e trabalham mais

 

Desigualdade – No que diz respeito ao mercado de trabalho, os dados mostram que a diferença salarial persiste. As mulheres ganham em média 22% menos que os homens – a média é de R$ 2.495,00 dos homens, ante R$ 1.958,00 das mulheres. Entre as com ensino superior, a disparidade é ainda maior: elas têm renda 38% menor que os homens com a mesma formação, ou R$ 6.292,00 ante R$ 3.876,00.

 

Junéia Batista, secretária Nacional de Mulheres da CUT, diz que os dados sobre a diferença salarial ajudam a entender o crescimento da pobreza nos últimos anos. “Considerando que 40% das famílias são chefiadas por mulheres, remunerações menores do que a dos homens implicam diretamente nos níveis de pobreza das famílias”, aponta. 

 

O salário mais baixo se reflete no valor das aposentadorias. Como os rendimentos ao longo da vida são inferiores ao recebidos pelos homens, a contribuição das mulheres para a Previdência também é menor, o que impacta na aposentadoria. Em média, elas ganham 17% menos que os homens – R$ 2.051,00 ante R$ 1.707,00.

 

Para Patrícia Pelatieri, diretora adjunta do Dieese, o País ainda está longe da equidade de gênero no mercado de trabalho. Ela afirma: “Mesmo com escolaridade mais alta, as mulheres ainda têm menores salários e enfrentam mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho”.

 

A pesquisadora lembra que no cenário doméstico a situação não é diferente.  “Em casa a desigualdade persiste. A responsabilidade pelas tarefas domésticas e os cuidados familiares ainda recaem muito mais sobre elas, mostrando que persiste o desafio de melhorar o compartilhamento das atividades”, ela diz.

8 de Março – Para denunciar essa situação, neste domingo (8), Dia Internacional da Mulher, Centrais, Sindicatos, movimentos sociais e feministas promovem uma grande mobilização.

Mulheres ocuparão as ruas em várias cidades brasileiras, a fim de demonstrar a insatisfação com as medidas do governo, que impactaram a vida de milhões de pessoas, mas principalmente das mulheres negras, pobres e periféricas. Em São Paulo, o ato será na avenida Paulista, 1.853, a partir das 14 horas, no Parque Mário Covas. 

 

Segundo Maria Auxiliadora dos Santos, secretária nacional de Políticas da Mulher da Força Sindical, as bandeiras deste ano serão a defesa da democracia e dos direitos. Ela afirma: “As reformas trabalhista e previdenciária só pioraram a situação das mulheres. E agora temos a MP 905, da carteira verde e amarela, que acarretará mais prejuízos à vida das trabalhadoras”.

 

Para a dirigente, a reversão do cenário só se dará por meio da conscientização. “Não adianta reclamar. Precisamos lutar e aprender a votar. Porque será através do Congresso Nacional que conseguiremos impor nossa pauta e mudar essa situação”.

 

 

Agência Sindical, 06 de março de 2020