País volta a se aproximar dos 13 milhões de desempregados. Período analisado não reflete efeitos do coronavírus, que teve o primeiro caso oficial registrado em 26 de fevereiro, com medidas de isolamento social a partir da segunda quinzena de março.
Com economia fraco, tanto formais como informais saíram do mercado
A taxa média de desemprego no país fechou o primeiro trimestre em 12,2%, bem acima de dezembro (11%) e pouco abaixo de igual período de 2019 (12,7%). Em três meses, o país teve acréscimo de 1,218 milhão de desempregados, crescimento de 10,5%, para um total estimado em 12,850 milhões.
Poderia ser pior, mas muita gente deixou de procurar trabalho no período, reduzindo a pressão sobre o mercado. O país está agora com 92,223 milhões de ocupados, retração de 2,5% no trimestre – menos 2,329 milhões. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua foram divulgados na manhã desta quinta-feira (30) pelo IBGE.
Segundo a analista Adriana Beringuy, a queda de 2,5% dos ocupados foi a maior na série histórica da pesquisa, assim como o recuo do emprego sem carteira (-7%). “Ou seja, foi uma queda disseminada nas diversas formas de inserção do trabalhador, seja na condição de trabalhador formal ou informal. O movimento, contudo, foi mais acentuado entre os trabalhadores informais. Das 2,3 milhões de pessoas que deixaram o contingente de ocupados, 1,9 milhão é de trabalhadores informais.”
Na comparação com igual período do ano passado, o número de ocupados fica estável (0,4%). O de desempregados cai 4%, com menos 537 mil, principalmente por causa do trabalho autônomo (mais 409 mil, 1,7%) e do crescimento do emprego sem carteira no setor público (193 mil, 9%). O emprego com carteira no setor privado cresceu pouco, 0,5%, com acréscimo de 178 mil pessoas.
A taxa de informalidade segue na faixa dos 40%. No primeiro trimestre, atingiu 39,9% dos ocupados, o equivalente a 36,8 milhões de trabalhadores. Foi de 41% no trimestre encerrado em dezembro e de 40,8% há um ano.
Os empregados com carteira no setor privado são 33,096 milhões, menos 572 mil no trimestre (1,7%), com estabilidade anual. E os sem carteira somam 11,023 milhões, -7% no trimestre (menos 832 mil) e também estável em um ano.
Entre os setores, a ocupação caiu no trimestre em seis dos 10 grupos pesquisados pelo instituto. A indústria fechou 322 mil vagas (-2,6%) e a construção, 440 mil (-6,5%), enquanto o comércio/reparação de veículos cortou 628 mil (-3,5%). Em um ano, a maioria ficou estável, com exceção do bloco que inclui administração pública, defesa, seguridade, saúde e educação, com alta de 3,4% (543 mil).
Subutilizados e desalentados
A chamada taxa de subutilização, que inclui pessoas que gostariam de trabalhar mais, subiu de 23%, em dezembro, para 24,4%. Está um pouco abaixo de março de 2019 (25%) – em 2015, essa taxa era de 16,5%. Os subutilizados agora são estimados em 27,620 milhões, menos 704 mil em um ano (-2,5%) e mais 1,5 milhão em três meses (5,6%).
Já os desalentados somam 4,770 milhões, número considerado estável tanto na comparação trimestral como na anual. Eles são 4,3% da força de trabalho.
Estimado em R$ 2.398, o rendimento médio foi igualmente considerado estável pelo IBGE. E a massa de rendimento real, que somou R$ 216,3 bilhões, caiu 1,3% em relação a dezembro.