Procurador do salário “miserê” ganhou R$ 4,1 milhões em 5 anos

12 de setembro de 2019

O procurador Leonardo Azeredo dos Santos virou notícia na segunda-feira (9), ao declarar, em áudio divulgado no site do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), que teve de baixar seu “estilo de vida” para sobreviver, devido a seu salário “miserê” de R$ 24 mil. Reportagem do jornal O Estado de Minas revela que a cara de pau do procurador é ainda maior: de 2014 a 2019, Azeredo custou aos cofres públicos mais de R$ 4,1 milhões, sem contar benefícios como auxílio-alimentação e auxílio-saúde.

 

 

  

 

Seu áudio, dirigido originalmente ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, chocou o País de imediato. No Brasil, o salário mínimo, de R$ 998, equivale a 4% da remuneração mensal de Azeredo Além disso, conforme o levantamento do O Estado de Minas, o MP-MG gastou tão-somente com o procurador um total de R$ 4.173.614,58, em salários, indenizações e “remunerações retroativas ou temporárias”.

Essa cifra milionária se refere a apenas cinco anos de trabalho do procurador – de agosto de 2014 e julho de 2019 –, mas Azeredo já está no Ministério Público há 28 anos (desde 1991). Ex-promotor de Justiça, ele foi promovido a procurador em 2010. Os altos salários não o impediram de cobrar o procurador-geral a respeito de reajustes privilegiados.

“Quero saber se nós, no ano que vem, vamos continuar nessa situação ou se Vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade, para melhorar nossa situação? Ou se vamos ficar nesse miserê?”, falou Azeredo a Sérgio Tonet, de acordo com o áudio. Por conta do “miserê”, Azeredo reclama que foi obrigado a reduzir as despesas com o cartão de crédito – de R$ 20 mil por mês para R$ 8 mil. “Quem é que vai querer ser promotor? Se não vamos ter aumento, ninguém vai querer fazer concurso nenhum”, disse ele.

O Estado de Minas dá mais detalhes do contrassenso: “Embora peça aumento, o salário bruto do procurador aumentou 16% em relação ao ano passado, saltando de R$ 30.471,11 para R$ 35.462,22. E, apesar de reclamar do ‘miserê’, o MP já desembolsou, de janeiro a julho deste ano, mais de meio milhão de reais para pagar o salário do procurador, uma bolada de R$ 562.789,14, cerca de R$ 80,3 mil em média, mais de três vezes os R$ 24 mil mensais. Desse valor, foi descontada a contribuição previdenciária, de R$ 3.900,84, além do Imposto de Renda, em geral, de R$ 7.757,88”.

Como Azeredo, além de salário, recebe também indenizações e remunerações temporárias ou retroativas, o valor de R$ 24 mil corresponde a uma fração de seus custos mensais. “Com isso, em janeiro deste ano, por exemplo, ele custou ao Estado R$ 99.474,02. Em dezembro de 2015, o custo do MP de Azeredo com o salário do procurador foi R$ 145.670,65.

Com os descontos, o servidor colocou no bolso o total de R$ 132.988,26. Também pode contar com gratificações extras. Em junho, ele ganhou gratificação natalina no valor de R$ 17.731,11”, detalha o jornal. Os valores não incluem os polpudos benefícios dos procuradores mineiros, como o auxílio-alimentação (R$ 1.100) e o auxílio-saúde (em média, R$ 1.990 de reembolso).

 

Vermelho, 12 de setembro de 2019