SEM RECUPERAÇÃO: Mercado imobiliário trava com mais de dez mil imóveis à venda

27 de junho de 2019

Com elevado número de imóveis á venda, característica de compradores e vendedores tem mudado na região

 

Crédito: Aílton Santos

 

Um setor que caminha a passos lentos e sem muitas perspectivas para reação em curto e médio prazo. Esta é a avaliação do setor imobiliário regional diante das condições econômicas que tendem a não mudar muito nos próximos meses. Avaliações de núcleos especializados no segmento calculam que existam hoje, somente nos maiores municípios da região, cerca de dez mil imóveis à venda, muitos nestas condições há meses e até anos, mas o comportamento de vendedores e compradores é bem diferente de município para município.

Segundo o presidente do Secovi-PR (Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná) em Cascavel, Luiz Antonio Langer, algumas vendas no município até são registradas, mas em patamares muito diferentes dos vistos na virada da atual década, quando se tinha uma condição de pleno emprego e da economia do País crescendo a 4% ao ano. A característica dos compradores e vendedores também tem mudado e bastante. Segundo Langer, quem está comprando hoje é quem quer a casa própria para morar. Ao investidor a palavra de ordem é cautela e pé no freio. “O investidor não está comprando, quem compra é quem está em busca da casa própria e como a maioria das pessoas não tem recursos para adquiri à vista, precisa de um financiamento. Até tem algum recurso para financiamento, porém, este crédito também está muito mais seletivo diante da inadimplência que está em alta. Tudo ajuda para travar o mercado”, reforça.

Com uma carteira de imóveis que se aproxima de 3,5 mil deles à venda somente em Cascavel, a maioria na região central e na região do bairro Tropical, áreas bastante valorizadas, Luiz relata outra curiosidade do mercado no município. Segundo ele, não houve desvalorização coletiva. “Costumo brincar que a pessoa tem uma dívida, precisa vender seu imóvel para quitar a dívida, mas quer vender, pagar a conta e quer que sobre o valor total da casa. Então em alguns casos houve até valorização. Há 30 anos no mercado, não tenho visto o imóvel desvalorizar em Cascavel”, completa.

A facilidade que tem se encontrado, segundo ele, é o famoso escambo. “Antes a venda do imóvel era só no dinheiro, hoje tem muita troca de um imóvel por outro, pega-se carro na negociação, facilita-se o valor da entrada com parcelamento e em alguns casos específicos o vendedor até reduz um pouco o valor do imóvel, mas de regra, o mercado não teve redução nos preços por aqui”, considerou.

 

Lançamento de obras

Como não há perspectiva da melhora econômica ainda neste ano e a possibilidade o País voltar para a recessão é latente, os incorporadores e construtores estão se reinventando para não parar de vez o segmento. Ainda de acordo com o presidente do Secovi, Luiz Antonio Langer, para não precisar desembolsar todo o dinheiro de uma só vez e assumir todo o ônus de uma nova edificação, muitas construtoras têm apostado em prédios na seguinte modalidade: não se compra o terreno, faz-se permuta oferecendo ao dono apartamentos. Estas construtoras têm saído em busca de investidores para serem sócias, adquirindo apartamentos na planta com valores mais baixos de modo que estes recursos possam cobrir a folha de pagamento de quem vai levantar a estrutura, por exemplo. “Por isso é possível observar que existem prédios em construção, mas não condomínios com casas. Os prédios facilitam estas negociações”, considera.

 

Preço recua até 15% em Foz do Iguaçu

A menos de 150 quilômetros de Cascavel, a realidade é outra. Em Foz do Iguaçu, por exemplo, já se registra desvalorização dos imóveis, abrindo um importante caminho para investidores ou quem está capitalizado para comprar a casa própria.

Segundo a diretora de Construção Civil e Setor Imobiliário da Acifi (Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu), Cássia Regina, os imóveis no município tiveram redução de cerca de 15%.

Assim, o preço do metro quadrado na Terra das Cataratas varia de R$ 3 mil, para um apartamento em prédio antigo, até cerca de R$ 6 mil, em apartamento novo. Ela destaca que em Cascavel, Maringá, Londrina e Curitiba, estes preços são mais elevados.

“Até em Medianeira [a 60 quilômetros de Foz do Iguaçu] o metro quadrado é mais caro”, compara. Medianeira tem um sexto da população de Foz do Iguaçu, com pouco menos de 42 mil habitantes. Em Curitiba, o preço médio do metro quadrado no ano passado estava em R$ 4.727. Em bairros nobres, como o Batel e o Alto da Glória, o preço saltava para mais de R$ 7,5 mil. Em Cascavel, dependendo da localização, o preço médio do metro quadrado varia de R$ 4 mil, mas em áreas mais valorizadas pode passar dos R$ 7 mil.

O Paraná, 27 de junho de 2019