Setor da construção civil está otimista para 2019

30 de janeiro de 2019

O mercado da construção civil, segundo dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná, enfrenta uma recessão desde 2014. No entanto, depois de quatro anos de resultados tímidos, para 2019 as projeções são bastante otimistas. Somente para a Capital paranaense está prevista a criação de cerca de cinco mil novos postos de trabalho no decorrer do ano, além da manutenção de mais de 90% dos postos já existentes. Os investimentos no setor devem ultrapassar a casa de R$ 1,5 bilhão.

Em Marechal Cândido Rondon as perspectivas seguem no mesmo caminho e quem é do ramo compartilha do mesmo otimismo para 2019. O empresário rondonense Elizeu Marcio dos Reis (Tadeu), dono de uma loja de materiais para construção, afirma já sentir melhorias neste início de ano. “A nossa região é do agronegócio e formada por um povo trabalhador, que é cauteloso antes de fazer qualquer tipo de investimento. Obviamente que a quebra da safra influencia no comércio varejista, mas percebemos que aqueles que se programaram para fazer a sua casa ou investimentos na sua indústria ou comércio estão animados. Percebemos que essas pessoas já estão procurando fazer os seus investimentos”, comenta.

Confiante no avanço do setor em 2019, o próprio empresário relata estar fazendo investimentos na sua empresa, na aquisição de equipamentos, para que o atendimento seja cada vez mais ágil ao consumidor. “O que não podemos esquecer é que o novo governo não vai mudar de uma hora para outra o atual cenário. As primeiras informações que o nosso ramo de atividade tem é que o setor da construção civil, que é o que emprega de imediato e o que mais gera emprego no país, vai ter incentivo. Acredito que os bancos oficiais, principalmente a Caixa Econômica Federal, como também o Banco do Brasil, demais bancos e cooperativas de crédito que já atuam no nosso ramo de atividade, também devem anunciar alguma linha de crédito específica com juros atrativos, o que incentiva as pessoas a investirem e pensarem ‘agora vou construir, vou ter um juro melhor, uma condição dentro do meu orçamento para construir o meu sonho’”, comenta.

Quem também percebe ânimos renovados no setor para 2019 é o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Marechal Rondon (Area), empresário Ricardo Nied. “É um pouco cedo para pensar ainda em todo o cenário, no ano inteiro e no que está para acontecer. Porém, depois das eleições, percebemos as pessoas com um ânimo um pouco melhor. Já teve procura por projetos, por venda de material de construção, então sentimos um novo fôlego”, afirma.

 

AGRONEGÓCIO

Nied chama atenção para o agronegócio, muito forte na região Oeste e que tem resultados que refletem diretamente em diversos setores, o que inclui o da construção civil. “Nossa região depende da safra e por isso estamos aguardando os próximos passos. Se não der safra, vamos sentir. Mas acredito que venham mudanças positivas no cenário, já que acompanhamos pessoas retomando projetos, comprando materiais e acreditando que vai dar certo”, pontua.

Já Tadeu acredita que para os agricultores o governo vai proporcionar juros diferenciados, para que possam fazer investimentos. “Neste setor primário é necessário investimento. Tudo gira, principalmente na nossa região, em torno de deles, e isso reflete para nós no comércio, na construção civil e assim por diante. Acredito que o governo vai tomar algumas medidas para aquecer o nosso ramo e estou otimista nisso”, acrescenta.

O empresário diz que no setor do agronegócio, como na suinocultura e na avicultura, os investimentos continuam. “Estou atendendo esses produtores, que estão fazendo investimentos bem significativos. Eu acho que não vai parar. Há uma expectativa bastante positiva para o governo Bolsonaro. Já ouvimos vários empresários e investidores dizendo que vão esperar para ver qual rumo essa nova realidade vai tomar. Estou bem animado que este ano será melhor que 2018”, enaltece.

 

VERTICALIZAÇÃO

Quando se fala em avanços no setor da construção civil é difícil não mencionar a verticalização, ou seja, a construção de prédios cada vez mais altos. Especialistas afirmam que a verticalização é um caminho sem volta, e que para viabilizar esse processo o planejamento urbano é fundamental.

Segundo Nied, em Marechal Rondon esse processo já começou, mesmo que há passos lentos. “Tanto a verticalização como a abertura de loteamentos está acontecendo e é a tendência, mas cada local tem seu tempo para esses processos, e em Marechal Rondon esses processos ainda estão no início”, menciona.

 

LEI DA OFERTA E PROCURA

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná (Sinduscon), João Broch, o ramo da construção civil obedece a uma equação diferenciada no que se refere à lógica de mercado. “A crise não significa necessariamente a interrupção de investimentos. Porém, essa mesma lógica também se dá de forma inversa. Em tempos de bonança, também há momentos de forte retração nos lançamentos. Vale então a lei da oferta e da procura, e os estoques disponíveis que regulamentam o mercado. No ambiente da construção civil o empresário quer segurança jurídica para investir. Lembrando sempre que o emprego é o melhor programa social que existe. Fatores como crescimento vegetativo, fortalecimento de polos médicos e de ensino superior, duplicação de rodovias e outras desta natureza também têm aspecto relevante”, enfatiza.

Broch salienta que os empresários da construção civil esperam que a Caixa Econômica Federal retome sua política habitacional, o que, segundo ele, é uma promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro, ao passo em que ações como o programa Minha Casa, Minha Vida tenham sequência. “No mais, esperamos a retomada dos investimentos na conservação de estradas e outros modais de transporte”, complementa.

Ele relata que o empresário que é associado ao Sinduscon Paraná Oeste tem se mostrado, de uma forma geral, otimista em relação aos novos tempos. “Mas é preciso ter calma, não esperar resultados no curto prazo. A recuperação será lenta e gradual. E o ritmo de novos lançamentos também”, finaliza.

 

O Presente, 30 de janeiro de 2019