Temer diz que tentará reforma da Previdência após eleições

26 de setembro de 2018

Presidente disse que entrará em contato com quem for eleito para tentar aprovar reforma ainda em seu governo
Danielle Brant

O presidente Michel Temer afirmou, em seu primeiro compromisso oficial em Nova York, que, assim que estiver concluído o processo eleitoral, vai entrar em contato com quem for eleito para tentar aprovar a reforma da Previdência ainda em seu governo –que termina em menos de cem dias.

“Quero anunciar, pela primeira vez, que eu quero fazer a reforma da Previdência, logo depois das eleições”, afirmou. Ele reconheceu que, antes do fim do processo eleitoral, há uma dificuldade de avançar nas discussões. 

“Depois das eleições, isso deixa de ser um problema. “Acho que pode ser possível, porque os deputados e senadores não terão a preocupação, legítima, de natureza eleitoral”, disse.

“E, como o déficit previdenciário é elevado demais, nós não podemos legar a nossos filhos e netos um sistema previdenciário sob ameaça, nem um orçamento que seja quase tomado com gastos previdenciários.”

“Mas passadas as eleições, essa preocupação desaparecerá. E, como o déficit previdenciário é elevado demais, nós não podemos legar a nossos filhos e netos um sistema previdenciário sob ameaça, nem um orçamento que seja quase tomado com gastos previdenciários.”

Sem uma reforma, continuou o presidente, não haverá investimentos no país. “Procurarei o presidente eleito, seja ele quem for, e tenho certeza que, ao procurá-lo, ele atentará para o fato de que a medida é indispensável”, disse. “Não é essencial para o meu governo, que terminará em dezembro. É essencial para o Brasil.”

Temer também defendeu, perante os empresários, as reformas implementadas por seu governo, como as mudanças na legislação trabalhista e a aprovação do teto de gastos públicos.

“Houve tempos em que se advogava no Brasil ser possível crescer de forma sustentada com as contas fora de ordem, com os preços fora de controle”, disse. “Aprendemos na prática que a inflação é o mais perverso dos impostos, porque incide sobre os mais vulneráveis. Só que se cresce de forma sustentada e inclusiva em ambiente econômico de estabilidade.”

Em entrevista após o almoço, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, também defendeu a necessidade de aprovação das reformas no país. “O que o Brasil precisa fazer para ir adiante é seguir o caminho das reformas”, afirmou. “Porque são as reformas que vão melhorar os fundamentos da economia brasileira e aumentar nossa capacidade de absorver choques externos e de crescer mesmo num contexto internacional mais desafiador.

Para ele, o próximo presidente dará sequência às reformas iniciadas pelo governo Temer. “Eu tenho absoluta convicção de que se o país, independentemente de quem for eleito, seguir esse caminho, nós teremos condições de aumentar a taxa de crescimento potencial da economia brasileira, de reduzir o desemprego e gerar mais renda em toda a economia.”

Guardia disse não haver, no momento, discussão sobre a privatização da Petrobras, apenas das subsidiárias da Eletrobras. “O que há são discussões sobre a abertura do setor de refino, para que possa ter competição no setor do refino. Isso não é privatização da Petrobras, isso não está em discussão.

O ministro comentou ainda a guerra comercial entre EUA e China. Para ele, mesmo que o Brasil se beneficie marginalmente pelo aumento das vendas de soja à China, todos saem perdendo em disputas do tipo.

“Apesar de poder se beneficiar no curto prazo, esse tipo de guerra comercial não é boa para a economia mundial e, consequentemente, não é boa para o Brasil, mesmo se beneficiando no curto prazo”, ressaltou.

 

Fonte: Folha de S.Paulo, 26 de setembro de 2018.