Trabalhadores perdem tempo no trajeto de casa para o trabalho

25 de março de 2013

Entre os argumentos apresentados pelos defensores da redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, que aguarda votação na Câmara dos Deputados, está a de que o trabalhador gasta muito tempo e se desgasta muito fisicamente no trajeto casa/trabalho. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado recentemente, confirma esse argumento.

O estudo, que pesquisou o período entre 1992 e 2009, mostra que o tempo médio dos trabalhadores das principais capitais brasileiras no trajeto casa/trabalho é maior na comparação com regiões metropolitanas com mais de dois milhões de habitantes em outros países.

O estudo mostra que, dentre as principais capitais do mundo, São Paulo (42,8 minutos) e Rio de Janeiro (42,6 minutos) só ficam atrás de Xangai (50 minutos). Os dados mostram que em Recife (PE) e Distrito Federal (DF) a população demora 35 minutos em média para se deslocar de casa para o trabalho. Segundo a pesquisa, o tempo médio nas outras seis localidades é de 32,62 minutos.

Porto Alegre (RS) e Belém (PA) são os locais onde o trajeto é feito com mais rapidez, em 27,7 e 31,5 minutos, respectivamente. A pesquisa inclui, ainda, Belo Horizonte (MG), com 34,4 minutos; Fortaleza (CE), com 31,7; Salvador (BA, com 33,9 e Curitiba (PR) com 32,1.

Os dados apontam que tem havido piora nas condições de transporte urbano das principais áreas metropolitanas do país desde 1992, com um aumento nos tempos de viagem casa/trabalho. Esta piora nas condições de transporte parece estar relacionada a uma combinação de fatores, incluindo o crescimento populacional, a expansão da mancha urbana e o aumento das taxas de motorização e dos níveis de congestionamento.

O pesquisador Rafael Pereira, responsável pelo estudo, acredita que a grande quantidade de dados apresentados seja útil para que os governos possam pensar em formas de diminuir o tempo gasto pelos cidadãos no trânsito. Ele acredita que as informações possam ser um ponto de partida. “Esperamos que esses dados sejam incorporados no debate sobre o tema nesses núcleos mais específicos. Eles seriam úteis para saber, por exemplo, se as obras para a Copa do Mundo e a Olimpíada seriam eficazes na resolução do problema de mobilidade urbana”.

Diferenças sociais

Ainda de acordo com o Ipea, os mais pobres da áreas metropolitanas gastam mais tempo no descolamento para o local de trabalho do que os mais ricos. O estudo diz que “19% dos mais pobres fazem viagens com duração acima de uma hora (somente trajeto de ida), enquanto essa proporção entre os mais ricos é de apenas 11%”.

A diferença do tempo do trajeto por nível social tende a ser mais elevada nas cidades da região Sudeste e no DF, que possuem Produto Interno Bruto (PIB) per capita maior. Em Belo Horizonte, Curitiba e Distrito Federal, o grupo de trabalhadores mais pobres faz viagens entre a casa e o trabalho, respectivamente, 40%, 61% e 75% mais demoradas do que os mais ricos.

Da Redação em Brasília
Com informações do Ipea